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CPI livra dono da Delta e governadores

Fernando Cavendish, Marconi Perillo, Agnelo Queiroz e Sérgio Cabral não foram convocados

Por Ricardo Brito e da Agência Estado
Atualização:

BRASÍLIA - A CPI Mista do Cachoeira aprovou na reunião desta quinta-feira, 17, a convocação de 51 pessoas, mas deixou de fora da lista o ex-presidente da Delta Construções Fernando Cavendish e os governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). Integrantes da base e da oposição fizeram questão de negar, durante o encontro, que tenha havido acordo para não votar os pedidos de depoimento de Cavendish e dos governadores."Nós não vamos blindar nenhuma pessoa que foi corrompida ou cooptada pela organização criminosa", afirmou o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG). "Não há acordo, eu não participei de acordo para proteger governador", disse o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), para quem essas autoridades têm que vir à comissão "quando tiver muitas provas". "Não estou aqui para fazer espuma", disse Teixeira. "Não há acordo, eu não participo", afirmou o deputado tucano Fernando Franceschini (PR).Com folgada maioria na CPI, a base operou para livrar da convocação, por ora, Cavendish. O contraventor Carlinhos Cachoeira é suspeito de ser sócio oculto da Delta, mas os governistas conseguiram circunscrever a apuração contra a empreiteira à atuação de Cláudio Abreu, ex-diretor da região Centro-Oeste. "A convocação de Fernando Cavendish é urgente, indispensável e insubstituível", cobrou, em vão, o líder do PSDB no Senado, o paranaense Alvaro Dias.O relator disse na sessão que a convocação do ex-presidente da Delta e dos governadores serão analisadas em "outro momento". É possível que esses pedidos sejam votados no dia 5 de junho. Petistas, peemedebistas e tucanos não fizeram, cada um, maiores esforços durante a sessão para convocar os governadores dos outros partidos. Alvaro Dias, por exemplo, chegou a sugerir o depoimento dos três governadores, inclusive do tucano Marconi Perillo. Mas seu pedido não encontrou eco nas bancadas dos três partidos.As maiores cobranças ficaram por conta dos senadores Pedro Taques (PDT-MT), Kátia Abreu (PSD-TO) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que representam partidos com o menor número de integrantes na CPI. "Na minha opinião, esses são os bagrinhos da história. Os importantes mesmo estão de fora", criticou Kátia Abreu, referindo-se aos governadores e a Cavendish.Da lista de convocados, o mais destacado é o ex-chefe de gabinete do governador do Distrito Federal Cláudio Monteiro, suspeito de ter negociado propina para favorecer a Delta em contratos na capital. A comissão ainda convocou pessoas do círculo familiar do contraventor, como a ex-mulher Andréa Aprígio, o ex-cunhado Adriano Aprígio, o sobrinho Leonardo Almeida Ramos, seu pai Sebastião de Almeida Ramos, e o irmão Marcos de Almeida Ramos.Sigilos. Em outra frente, a comissão também poupou Cavendish e os governadores da quebra de sigilos. A CPI determinou a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do ex-diretor da Delta Construções Cláudio Abreu e dos principais auxiliares do contraventor Carlinhos Cachoeira: Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, Gleyb Ferreira e Geovani Pereira da Silva. O ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcez (PSDB) terá apenas o sigilo telefônico quebrado.Segundo o presidente da CPI Mista, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), a comissão determinou nesta sexta a quebra de 36 sigilos bancário, fiscal e telefônicos.

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