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CPI fica muda ao conhecer palavras finais dos pilotos da TAM

Por NATUZA NERY
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Um silêncio raro foi percebido na grande sala de audiências da CPI da Crise Aérea, na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira. Logo após a revelação das últimas palavras ditas na cabine do Airbus da TAM, que explodiu vitimando 199 pessoas, os integrantes da comissão de inquérito ficaram atônitos. Nem os mais de 70 jornalistas, que costumam avançar sobre as fontes para extrair declarações em momentos tensos, se mexeram. Somente minutos depois de os deputados Luciana Genro (PSOL-RS) e Rocha Loures (PMDB-PR) lerem a última frase ("Pausa nos barulhos de batida, sons de gritos, sons de barulhos de batida"), é que o burburinho foi retomado. Os dois parlamentares foram encarregados de ler os diálogos em uma transcrição da caixa-preta do Airbus entregue à CPI pela Aeronáutica na véspera. "Isso tudo é muito difícil", desabafou o brigadeiro Jorge Kersul Filho, chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Ele foi chamado a participar para traduzir os dados das caixas-pretas aos parlamentares. Após a leitura, o presidente da CPI, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), suspendeu os trabalhos por 15 minutos e então teve início a sessão fechada (sem a presença da impresa) em que o brigadeiro analisaria dos dados junto com os deputados. Menos de 30 segundos separaram uma aterrissagem aparentemente bem sucedida do maior acidente aéreo da história brasileira. O gravador de bordo, transcrito em inglês pelos especialistas dos Estados Unidos, registrou o desespero dos dois pilotos ao tentar frear o avião. "Desacelera, desacelera", diz um dos pilotos. "Eu não consigo, eu não consigo. Oh meu Deus, oh meu Deus", prossegue a transcrição. "Vai, vai, vira, vira... Vira, vira. Pára, não, vira, vira", prossegue o diálogo. Antes da revelação do diálogo da cabine, o que se viu foi uma sessão de duas horas recheada de acusações exaltadas. Deputados responsabilizaram a Aeronáutica por vazar parte dos dados para o jornal Folha de S.Paulo. Apesar de os deputados estarem confusos ao final da apresentação, um grupo se adiantou nas conclusões. O relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), afirmou que "a falha do equipamento, até agora, me parece a principal causa (do acidente". Outro grupo, no entanto, preferiu a cautela. "O relator não é engenheiro aeronáutico e eu também não", disse Gustavo Fruet (PSDB-PR).

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