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CPI dos Grampos terá dois relatórios, reage oposição

Adversários do governo temem neutralidade de parecer oficial e dizem haver indícios de vários crimes

Por Ana Paula Scinocca
Atualização:

Diante dos sinais de que a base governista pretende produzir um relatório "neutro", sem indiciamentos ou constrangimentos para integrantes da Polícia Federal e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a oposição prepara um relatório paralelo na CPI dos Grampos, na Câmara. O aviso foi enviado ontem ao relator, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA). Os oposicionistas afirmam haver indícios de que vários crimes teriam sido cometidos. Principal defensor do relatório paralelo, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) mencionou falso testemunho, improbidade, prevaricação, condescendência criminosa, abuso de autoridade e crime de responsabilidade. "Há elementos para pedirmos indiciamentos. Vamos preparar voto em separado caso o relator não apresente esses pedidos", disse. Para ele, o crime de falso testemunho foi cometido por "praticamente todos" os que depuseram na CPI. "A começar do Paulo Lacerda (diretor afastado Abin), as pessoas mentiram." Os deputados do PSDB pediram um levantamento técnico de todos os depoimentos prestados à comissão para definir os nomes. O Estado apurou que o pedido de indiciamento de Lacerda é dado como certo. "Indiciamento ainda não é o julgamento. Os últimos fatos mostram que não há como a CPI fugir disso", afirmou Gustavo Fruet. O presidente da CPI, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), disse ser favorável ao indiciamento de todos os que "faltaram com a verdade" nos depoimentos. Itagiba argumenta que Lacerda, em seu depoimento à comissão, disse que apenas "duas ou três pessoas" da Abin haviam participado da Operação Satiagraha. Na verdade, 84 agentes da agência auxiliaram a PF nas investigações. Ontem, o relator da CPI disse não haver definido ainda se vai ou não pedir algum indiciamento em seu relatório final. "Não firmei minha convicção", disse Pellegrino. Sobre a defesa da oposição em pedir o indiciamento de Lacerda, o petista afirmou que o diretor afastado da Abin "tem relevantes serviços prestados ao País, o que significa a necessidade de precaução". GREENHALGH Por 10 votos a 4, a CPI rejeitou ontem o pedido de convocação do ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT), flagrado em escuta telefônica conversando com Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na conversa, Greenhalgh pedia ao auxiliar presidencial para "dar uma olhada" se havia em curso alguma investigação contra o banqueiro Daniel Dantas. O ex-deputado estava atuando como advogado do grupo Opportunity, de Dantas. Na mesma sessão, a CPI aprovou a convocação do delegado Amaro Vieira Ferreira, que investiga o vazamento de informações no âmbito da Operação Satiagraha. Os deputados da comissão aprovaram ainda a convocação do procurador da República Roberto Diana Dassiê.

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