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CPI do roubo de cargas indicia 156, incluindo um deputado

Por Agencia Estado
Atualização:

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Mista, que durante dois anos investigou o roubo de cargas e veículos no Brasil, aprovou quinta-feira, em Brasília, por unanimidade, o parecer final do relator Oscar Andrade (PFL-RO). O relatório, segundo o Ministério dos Transportes, sugere ao Ministério Público a abertura de processos contra 12 empresas e o indiciamento de 156 pessoas, incluindo o deputado federal eleito José Fuscaldi Cesilio, o José Tatico (PSD-DF). Ele é acusado de receptação de carga roubada. Segundo dados da comissão, houve 6 mil ocorrências em 2001, com prejuízo de R$ 700 milhões. As entidades do setor estimam que o número real de casos tenha sido maior, atingindo 9 mil. Segundo a CPI, as ocorrências provocaram o fechamento de 200 transportadoras rodoviárias de carga. Tatico foi incluído no relatório depois de acareação com o acusado Cléverson Cruz, envolvido em roubo de cargas em Uberlândia (MG). Cruz disse que o parlamentar sabia da entrega de cargas roubadas em seus supermercados (supermercados Tatico, em Ceilândia, próximo a Brasília). De acordo com o relatório, o preço dos seguros para as cargas aumentou, em média, 40% nos últimos dois anos. Os parlamentares da comissão chamaram a atenção para dois pontos revelados pelas investigações: a participação, como agente ou facilitador, de membros da polícia. E o papel fundamental do receptador da carga roubada na estrutura do crime organizado. O relatório final da CPI sugere a criação de leis que permitam à Polícia Federal interferir na apuração desse tipo de crime, já que esse combate esbarra hoje nos limites de competência das polícias estaduais. O relatório sugere também o reaparelhamento e aperfeiçoamento de informações nacionais; a identificação de mercadorias por unidades; e o agravamento de penas para crimes de receptação. A CPI foi formada em março de 2000, para atender reivindicação das transportadoras rodoviárias. Trabalharam no relatório seis equipes formadas por profissionais do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União (TCU), do Banco Central, da Receita Federal e da Polícia Federal. Desde a criação, a CPI ouviu mais de 200 depoimentos e realizou audiências públicas nas cidades de São Luís, Rio de Janeiro, Campinas (SP), São Paulo e Santos (SP), Porto Alegre, Florianópolis e Joinville (SC), Uberlândia, Recife, João Pessoa e Vitória.

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