A CPI das Escutas Telefônicas da Câmara aprovou nesta quarta-feira a convocação do banqueiro Daniel Dantas, alvo da investigação da Operação Satiagraha da Polícia Federal; do delegado Protógenes Queiroz, que comandou o inquérito, e do juiz Fausto de Sanctis, autor dos pedidos de prisão do banqueiro. Os depoimentos já estão marcados para os dias 6 de agosto (Protógenes Queiroz), 7 de agosto (Fausto de Sanctis) e 13 de agosto (Daniel Dantas), quando os deputados retornam do recesso parlamentar. A CPI tinha final previsto para 7 de agosto, mas o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), autorizou a prorrogação por 30 dias. Integrantes da CPI querem mais 120 dias e pretendem negociar com Chinaglia. A convocação de Daniel Dantas é para que o dono do banco Opportunity esclareça seu envolvimento na operação da PF que o acusa dos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, gestão fraudulenta e evasão de divisas, além de pagamento de suborno a policiais. Dantas também é suspeito de encomendar o monitoramento de telefonemas de ex-integrantes do governo, como o ex-ministro Luiz Gushiken, por meio da empresa Kroll. Preso duas vezes na semana passada, ele foi libertado por decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. A base do governo impediu que fossem aprovados requerimentos de convocação do investidor Naji Najas e do ex-deputado do PT Luiz Eduardo Greenhalgh. A oposição não desistiu da convocação dos três. Segundo o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), os três depoimentos agendados são "um primeiro passo para começar a aprofundar essa linha de investigação, que tem indícios de tráfico de influência, abuso de autoridade e até corrupção". Fruet ressalta que não aceitará nenhum tipo de controle do governo sobre o que poderá ser perguntado aos três. Disse que vai querer saber o motivo do afastamento de Protógenes e informações da Operação Satiagraha sobre Daniel Dantas. "Há uma tentativa de esfriamento dos trabalhos dessa comissão por parte do governo. Há um medo de vir à tona fatos correlatos a escutas telefônicas, que normalmente acobertam irregularidades", disse ele. O governo, no entanto, tenta frear a oposição. Para o relator da CPI, Deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), a discussão sobre novas convocações só deve acontecer depois dos depoimentos já agendados. "O foco da comissão será mantido", assegurou. (Reportagem de Fernando Exman)