
01 de novembro de 2012 | 17h45
BRASÍLIA - A CPMI do Cachoeira foi prorrogada nesta quinta-feira, 1, por mais 48 dias, podendo funcionar até o dia 22 de dezembro, quando começa o recesso do Legislativo. Na prática, a comissão virou "pizza" e não avançará nas investigações. Isso porque o requerimento assinado por 41 senadores e 232 deputados, lido na sessão desta quinta do Senado, faz parte de um acordo dos líderes da base governista para impedir que a investigação se estenda à ligação do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com a empreiteira Delta.
O prazo impedirá a quebra do sigilo bancário e fiscal de 29 empresas de fachada, tidas como braços da Delta. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) informou à CPMI que essas empresas tiveram "movimentação atípica". Ou seja, elas nada produzem, mas recebem e repassam altas somas de dinheiro. A Construtora Delta é a maior beneficiada por recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), tendo recebido da União mais de R$ 3 bilhões desde o início do programa.
Presente ao plenário, o líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), disse que o requerimento de prorrogação trata-se na realidade "de uma estratégia e não da intenção de aprofundar as investigações para revelar ao País detalhes de um gigantesco esquema de corrupção".
"A sujeira e o lixo da corrupção estão sendo empurrados para debaixo do tapete da impunidade", alertou. A situação, no seu entender, se comparada ao desempenho do Supremo Tribunal Federal no julgamento dos mensaleiros, faz com que os parlamentares se tornem "desavergonhados pizzaiolos".
"Nós do Congresso não aprendemos a lição do Supremo no julgamento do mensalão e o que se faz é decretar o fim da CPMI", criticou. Dias chamou o acordo dos líderes governistas de "simulacro da prorrogação" e de "encenação". Ele lembrou o fracasso da tentativa da oposição de estender os trabalhos por mais seis meses, tempo bastante para investigar as "laranjas" da empreiteira.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.