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CPI do BNDES convoca sobrinho de Lula e poupa acionistas da JBS

Comissão rejeitou o pedido para ouvir os irmãos Wesley Batista e Joesley Batista, principais acionistas da JBS, mas convocou Taiguara Rodrigues, sobrinho da primeira mulher do ex-presidente

Por Rachel Gamarski
Atualização:

Atualizado às 21h49 Brasília - Com 20 de seus 27 membros beneficiados por doações do frigorífico JBS, a CPI do BNDES rejeitou nesta quarta-feira, 9, a convocação dos principais acionistas da empresa, os irmãos Wesley e Joesley Batista. Em votação nominal, 15 de 24 deputados votaram contra o requerimento do deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA). O documento foi rejeitado sob o argumento de que a comissão convocará apenas empresas sob suspeita de empréstimos irregulares do BNDES. A CPI decidiu chamar, entretanto, o presidente e diretor financeiro da Marfrig, principal concorrente da JBS, que não fez doações para os membros da comissão na última campanha.  De acordo com o pedido de Jordy, o BNDES investiu mais de R$ 8 bilhões na JBS. “Desde que os recursos começaram a ser liberados, em 2005, a JBS já repassou R$ 463,4 milhões a políticos e partidos nas eleições de 2006, 2008, 2010 e 2014”, diz documento. O parlamentar alegava ainda que, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, o JBS doou R$ 366,8 milhões para campanhas políticas em 2014. Outro alvo da CPI foi Taiguara Rodrigues, sobrinho da primeira mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Prédio da JBS Foto: Divulgação

Dos 23 requerimentos votados nesta quarta, a comissão só rejeitou os requerimentos relacionados à JBS. A convocação de Eike Batista, do Grupo EBX, e do ex-presidente da Camargo Corrêa, empresa investigada na Operação Lava-Jato, Dalton Avancini, foram aprovadas sem questionamentos, assim como a de Ivan João Guimarães Ramalho, presidente do Conselho de Administração do BNDES. ‘Blindagem’. A julgar pelos obstáculos de ontem contra a tentativa de ouvir os donos da JBS, a convocação de empresas financiadoras de campanha deverá ser um dos maiores desafios da CPI. O deputado Arnaldo Jordy, que antes da sessão de ontem foi sondado por companheiros de comissão para retirar seu requerimento da pauta, pretende reapresentar seu requerimento e tentar, mais uma vez, convocar os irmãos Batista. “O grupo JBS é poderoso e houve um acordo entre o PMDB e o PT para proteger a companhia”, afirmou após reunião da comissão. Para o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), houve uma “blindagem” da companhia.  O relator da CPI, deputado José Rocha (PR-BA), que recebeu cerca de R$ 300 mil da JBS na última eleição, foi um dos que votaram a favor da convocação da empresa à comissão. Ele afirmou que as doações da JBS à sua campanha foram através do partido e que não conhece ninguém da empresa. Disse ainda que já apresentou requerimento para convocar os irmãos Batista.  Enquanto o presidente da CPI, deputado Marcos Rotta (PMDB-AM), preferiu não entrar no mérito da decisão, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) alegou que a JBS é uma companhia “de sucesso”. “Temos que convocar quem tem problem”, disse. Já sobre o requerimento do sobrinho da primeira mulher de Lula, Zarattini classificou de “provocação”.  De acordo com o pedido aprovado, Taiguara Rodrigues é proprietário da empresa de engenharia Exergia Brasil, contratada pela Odebrecht para trabalhar na obra de ampliação e modernização de uma hidrelétrica em Angola. 

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