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CPI deve incluir em relatório final fake news de Bolsonaro associando vacina contra covid-19 e aids

Live do presidente com desinformação foi removida por Facebook e Instagram, e Randolfe diz que episódio será incluído no parecer; Lira quer acelerar tramitação de projeto de lei sobre desinformação e regras contra remoção de publicações

Por Augusto Decker e Bruno Luiz
Atualização:

O vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), anunciou nesta segunda, 25, que a comissão vai incluir no relatório final a afirmação mentirosa na qual o presidente Jair Bolsonaro associa a vacina contra a covid-19 à aids. A cúpula do colegiado também deve pedir ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que Bolsonaro seja investigado por essas declarações no âmbito do inquérito das fake news, que tramita na Corte.

"Temos um delinquente contumaz na Presidência da República! Informo que incluiremos, no relatório da CPI, a fala mentirosa e absurda de Bolsonaro associando a vacina contra a covid-19 à aids", relatou Randolfe em publicação no Twitter. 

Sessão de apresentação do relatório final da CPI da Covid. Foto: Gabriela Biló/Estadão - 20/10/2021

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O parecer final do colegiado, que já propõe o indiciamento do presidente por nove crimes, vai a voto nesta terça-feira, 26. A CPI também pode recomendar às redes sociais que suspendam ou façam o banimento das contas do presidente. Neste domingo, Facebook e Instagram retiraram do ar a live em que Bolsonaro deu a informação falsa.

Na noite da última quinta-feira, 21, durante a transmissão semanal, Bolsonaro chegou a reconhecer a possibilidade de ter sua transmissão cancelada pelas redes sociais. “Relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugerem que os totalmente vacinados estão desenvolvendo a síndrome de imunodeficiência adquirida muito mais rápido do que o previsto”, disse o presidente. “Não vou ler para vocês a matéria porque posso ter problema com a minha live, não quero que caia." 

Novas regras

Para o presidente da Câmara, Bolsonaro precisará "pagar" se a declaração relacionando vacinas contra covid-19 com aids não tiver base científica, afirmou Arthur Lira (Progressistas-AL) durante evento do setor sucroalcooleiro, nesta segunda-feira, em São Paulo. "Se não tiver nenhuma base científica para isso, ele vai pagar pela declaração. Espero que não tenha", afirmou o deputado.

Segundo Lira, o episódio é "mais um motivo para acelerar na Câmara o grupo que trata de gestão dos meios eletrônicos com relação a fake news". O presidente da Câmara disse que teve reunião na semana passada com o relator do projeto de lei das fake news, Orlando Silva (PCdoB-SP), e que voltará a tratar do assunto brevemente.A intenção, segundo Lira, é ver se o texto está a contento e votar, para "ter um regramento principalmente nas bases de veículos de comunicação como Facebook, Instagram, Twitter, e todos os meios necessários para a contenção de matérias como essa".

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Justificativa

A síndrome de imunodeficiência adquirida (aids) é causada pelo vírus HIV e não tem relação com a covid. A Organização Mundial da Saúde (OMS), inclusive, recomenda a vacinação de pessoas que tenham aids. Nesta segunda, Bolsonaro atribuiu a informação à revista Exame, mas novamente tirou de contexto a publicação original da revista, que é de quase um ano atrás.

A fala de Bolsonaro foi desmentida por especialistas ao longo do final de semana. "Não existe nenhuma possibilidade de vacina causar aids. Zero. Qualquer que seja a vacina. É isso que precisa ser divulgado de forma clara e direta”, esclareceu o médico sanitarista Daniel Dourado.

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