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CPI da Petrobrás começa sob a influência de Renan

Veto do líder atrasa indicações, que serão formalizadas apenas hoje

Por Eugênia Lopes
Atualização:

Cada vez mais poderoso, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), "abençoará" hoje os escolhidos para os cargos de presidente e relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobrás. A base aliada sabe desde a semana passada que comandará os dois postos-chave da CPI, mas o veto de Renan a alguns senadores atrasou as indicações, que serão formalizadas apenas hoje. Veja o que será apurado na CPI da Petrobrás e a cronologia do caso Reunião da base aliada programada para antes da instalação da CPI, marcada para as 14 horas, definirá os senadores que vão comandar o inquérito. Na última semana, Renan abateu ainda no nascedouro a candidatura de vários aliados do Planalto. A tendência era que o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), fosse escolhido como relator. Mas Renan ficou irritado por ele ter se aliado ao líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), e tentado formar uma dobradinha no comando da CPI, onde ficaria com a relatoria e o petista com a presidência. O peemedebista alagoano, então, abortou a manobra. Vetado por Renan para presidir a CPI, Mercadante deverá escolher o senador João Pedro (PT-AM) para o cargo. Outra hipótese é a líder do governo no Congresso, senadora Ideli Salvatti (PT-SC). A indicação de Ideli é, no entanto, considerada menos provável porque, como líder, a petista já tem uma sobrecarga de trabalho, além de querer ter tempo livre para começar a se dedicar à sua campanha ao governo de Santa Catarina. Na semana passada, Renan lançou, com o propósito de desgastar a campanha de outros postulantes ao cargo, o nome do senador Paulo Duque (PMDB-RJ) como uma das possibilidades para relatar a CPI da Petrobrás. Mas a amigos Duque confidenciou que não quer o cargo por causa da idade - ele tem 81 anos. Em desvantagem numérica na CPI da Petrobrás, os partidos de oposição se preparam para dar o troco na CPI das organizações não-governamentais (ONGs). A oposição não abre mão de manter a presidência e a relatoria da comissão. "Se o governo quer adotar postura de truculência, que arque com as consequências", afirmou ontem o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN). A ideia da oposição é usar a CPI para tentar aprovar requerimentos de investigação e o envio de documentos de contratos da Petrobrás com ONGs. Na semana passada, o presidente da CPI das ONGs, Heráclito Fortes (DEM-PI), nomeou o líder do PSDB, Arthur Virgílio Neto (AM), como relator. O tucano entrou na vaga de Inácio Arruda (PC do B-CE), que foi ser titular na CPI da Petrobrás. Ao perceberem a manobra da oposição, os governistas tentaram voltar atrás e manter Inácio Arruda como relator da CPI das ONGs e deixá-lo como suplente na da Petrobrás. A oposição não aceita e disse que manterá o tucano no cargo. Em represália, o governo avisou que não dará quórum, impedindo, assim, o funcionamento da comissão.

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