Após dar um “passo em falso” na convocação do policial militar Luiz Paulo Dominghetti Pereira, a CPI da Covid deve voltar aos trilhos na próxima semana e retomar a investigação da denúncia de corrupção na compra da Covaxin, vacina fabricada pela farmacêutica indiana Bharat Biotech. Essa é a análise da jornalista Eliane Cantanhêde no novo episódio de Por Dentro da CPI.
A “inversão” de pauta para o depoimento “nebuloso” de Dominghetti criou apenas tumulto, na última quinta-feira, sem trazer qualquer tipo de esclarecimento. O Palácio do Planalto até pode pensar que virou o jogo, mas a situação ainda continua muito ruim para o presidente Jair Bolsonaro, sobretudo porque o País já soma mais de 520 mil mortos por covid-19.
O caminho, no entanto, deve ser corrigido já a partir da próxima terça-feira, 6, quando a fiscal do contrato da Covaxin, a servidora Regina Célia Oliveira, prestará seu depoimento diante da comissão. Ela foi a responsável por dar o aval para a importação da vacina indiana.
“A CPI vai voltar aos trilhos, vai voltar à questão central, que é a corrupção. Essa questão central é a Covaxin, que tem denúncias, contratos, três notas fiscais e milhões de dólares, bilhões de reais que precisam ser esclarecidos”, aponta Eliane.
Na avaliação da colunista do Estadão, o efeito colateral das investigações tem atingido diretamente os militares, que estão “no olho do furacão”. Vários integrantes das Forças Armadas, não apenas o ex-ministro Eduardo Pazuello, que é general, têm sido citados nas investigações. Um desses nomes é o do tenente-coronel do Exército Marcelo Blanco, citado por Dominghetti como um dos presentes no jantar em que integrantes do Ministério da Saúde supostamente teriam pedido propina para compra de doses da vacina AstraZeneca.
“Foi um péssimo negócio misturar militares com o Centrão, sobretudo no Ministério da Saúde em meio a uma pandemia”, avalia Eliane.