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CPI aponta negligência da Petrobras no acidente da P-36

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Por Agencia Estado
Atualização:

Os deputados estaduais da CPI da Plataforma P-36, que explodiu e afundou em março, na Bacia de Campos, matando 11 pessoas, concluíram que houve negligência e imperícia dos diretores da Petrobras no acidente. O relatório final da comissão pede que o Ministério Público Federal investigue a responsabilidade dos dirigentes da estatal em "crime culposo" (em que não houve intenção). O documento ainda será votado em plenário. O relatório do deputado Edmilson Valentim (PCdoB) foi aprovado hoje por três votos a um, numa sessão tumultuada. O vice-presidente da CPI, deputado Eduardo Cunha, contestou o documento, afirmando que ele foi "omisso" ao "menosprezar os erros de projeto e de execução, minimizando a participação da Marítima Engenharia e Petróleo". A empresa foi responsável pela conversão da P-36 numa plataforma de exploração. "O deputado deveria ter-se declarado suspeito para fazer o relatório já que a Marítima financiou 40% da campanha da deputada federal Jandira Feghali, companheira de chapa de Valentim", disse Cunha. De acordo com a relação de doações de campanha da deputada, a empresa doou R$ 65 mil em quatro parcelas. "É uma irresponsabilidade", limitou-se a comentar Valentim. De acordo com Valentim, a CPI "absorveu" os relatórios feitos pela Petrobras, Agência Nacional de Petróleo e Marinha. A partir dessa "base técnica" os deputados identificaram que há relação entre o acidente com o "alto grau de terceirização do pessoal". "Sob pressão de produzir mais, a um custo menor, eles negligenciaram o treinamento de pessoal da Petrobras", afirmou Valentim. O deputado comprova a afirmação com dados, segundo os quais a produção de petróleo da estatal cresceu de 1,37 milhão de barris/dia, em 1997, para 1,57 milhão, em 2000. Nesse mesmo período o número de profissionais concursados caiu de 45 mil para 39 mil. "A nossa grande vitória foi ter o presidente da empresa, Henri Philippe Reichstul, confirmando que o número de terceirizados é excessivo e prometendo rever essa prática", afirmou o presidente da CPI, deputado Paulo Ramos (PDT). Os deputados criticaram ainda a transferência de empregados da estatal para a iniciativa privada. "Esses cérebros que levaram a Petrobras a ser uma empresa exponencial na exploração de petróleo migraram para companhias privadas concorrentes", disse Valentim. Para evitar essa prática, a CPI decidiu enviar ao Congresso Nacional uma proposta de lei, criando um período de quarentena para os funcionários da estatal que ocupem cargos de diretoria. Paulo Ramos reconheceu que a comissão teve os trabalhos prejudicados ao ter rejeitado o pedido de quebra de sigilo bancário e fiscal de diretores da estatal e da Marítima. Para que o trabalho tenha continuidade, cópias do relatório serão enviadas ao Tribunal de Contas da União, Agência Nacional de Petróleo, Marinha, Petrobras, Polícia Federal e para a Comissão Especial do Congresso Nacional, que investiga o acidente.

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