Brasília - O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa afirmou, durante acareação na CPI mista da estatal realizada na tarde desta terça-feira, 2, que citou “algumas dezenas” de políticos na delação premiada que fez à Justiça Federal. A declaração ocorreu em resposta ao questionamento feito pelo deputado Ênio Bacci (PDT-RS), autor do requerimento de acareação entre Costa e o ex-diretor de Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Logo após a fala de Costa e dos protestos da oposição, o presidente em exercício da CPI, senador Gim Argello (PTB-DF), encerrou a reunião.
Em tom de brincadeira, Ênio Bacci disse que estava se despedindo do Congresso - por não ter sido reeleito -, mas pediu a Costa um “presente” pelo encerramento do mandato dele para lhe dar alegria. “O senhor não pode me deixar numa situação constrangedora, mas algumas dezenas”, respondeu.
Os oposicionistas comemoraram o resultado da acareação, uma vez que, desde a abertura da CPI, em maio deste ano, nunca tinha ocorrido declarações tão contundentes como a de Paulo Roberto Costa. Ele disse que confirmava “tudo” o que foi relatado em delação premiada.
Segundo o ex-diretor, o que ele falou na delação são fatos que acontecem não somente na Petrobrás, mas no Brasil inteiro, "nas rodovias, portos, ferrovias, aeroportos". Costa falou tudo isso depois de o advogado de defesa dele ter sinalizado, desde a semana passada, que o ex-diretor iria ficar calado na acareação com o ex-diretor da área internacional, Nestor Cerveró. "Assumi esse cargo por indicação política e assinei a minha demissão em 2012 porque não aguentava mais a pressão para resolver problemas que não eram da minha área", desabafou Costa.
O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) afirmou que a CPI estava cometendo um “crime” ao encerrar de maneira abrupta a acareação. “Vamos ser privados de continuar trabalhando”, criticou o parlamentar do DEM. O deputado Julio Delgado (PSB-DF) disse que encontraram uma fórmula para, numa rara oportunidade de a CPI produzir, encerrar as apurações. “Essa foi uma sessão histórica da CPMI, que já está há seis meses em funcionamento e hoje começou a surtir algum efeito”, disse o deputado socialista.
Os dois sugeriram a suspensão da acareação por um prazo maior, até às 19 horas, quando, segundo eles, deve encerrar a sessão do Congresso que vai analisar o projeto que trata da alteração da meta fiscal do governo de 2014. Gim, contudo, disse ter consultado a sessão administrativa do Congresso, na companhia de integrantes da oposição, e encerrou os trabalhos mesmo assim. “Está encerado a reunião, tendo em vista que não há amparo legal para continuar a reunião”, afirmou.