Corregedor da PF abre investigação contra diretor

Encarregado do caso deve pedir à Justiça acesso a documentos e grampos que comprometem Menezes

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Por Felipe Recondo
Atualização:

O corregedor-geral da Polícia Federal, José Ivan Guimarães Lobato, viajou ontem para o Amapá a fim de iniciar a investigação interna sobre a suspeita de desvio de conduta por parte do diretor-executivo da corporação, Romero Menezes. Afastado da cúpula da PF desde terça-feira, Menezes é investigado por tráfico de influência em favor do irmão, José Gomes de Menezes Júnior, por advocacia administrativa e por suposto vazamento de informações da Operação Toque de Midas, deflagrada em julho para apurar indícios de fraude na licitação da concessão da estrada de ferro entre Serra do Navio e Porto de Santana, no Amapá. A licitação foi vencida pela MMX Logística e Mineração, do grupo EBX, do empresário Eike Batista. Se comprovadas as denúncias pela corregedoria, Menezes pode até ser demitido. De qualquer forma, a cúpula da Polícia Federal já decidiu que ele não retornará ao cargo, mesmo que nenhuma das acusações seja comprovada. No decorrer do processo na corregedoria, que não tem prazo para ser concluído, Menezes prestará depoimento para se defender das acusações e poderá arrolar testemunhas. Para auxiliar as investigações, o corregedor deve pedir à Justiça acesso aos documentos obtidos pelo procurador da República que cuida das investigações, Douglas Santos Araújo. O corregedor, porém, pode ter dificuldades, já que as investigações correm em segredo de Justiça. Dentre os documentos estão transcrições de grampos telefônicos em que Menezes supostamente pressiona o superintendente da PF no Amapá, Anderson Rui Fontel de Oliveira, para concluir o processo em que o irmão pede o credenciamento como instrutor de tiro. Outra gravação mostraria o gerente da MMX, Renato Camargo, e o irmão de Menezes discutindo uma forma de manipular o inquérito policial que apura a prática de crime ambiental pela empresa. Nas conversas, os dois supostamente prevêem o afastamento do delegado responsável pela investigação com o auxílio de Menezes. Além dos grampos, haveria no inquérito provas documentais e testemunhais que comprovariam os indícios contra Menezes. Menezes nega ter favorecido o irmão ou cometido qualquer irregularidade. Segundo ele, as acusações estão baseadas em ilações inconsistentes e a investigação conduzida pela equipe da PF no Amapá apresenta graves falhas. "Não há um único documento que prove as acusações que fazem contra mim." Ele afirma ainda que as conclusões do inquérito estão contaminadas por problemas pessoais entre ele e Fontel, com quem vinha se desentendendo.

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