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Corrêa critica manifestação política de delegados da PF

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Por Sandra Hahn
Atualização:

O diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, disse hoje que os delegados da corporação só podem se manifestar de forma política e partidária no momento em que vão registrar o voto na urna eletrônica. "Fora isso, ele (delegado) não tem direito de se manifestar durante sua carreira, porque isso tira a isenção necessária para a atividade de investigação", avaliou Corrêa, que participou hoje de reunião dos ministros da Justiça do Mercosul e países associados, em Porto Alegre. Questionado sobre o fato de o delegado Protógenes Queiroz - que coordenou a Operação Satiagraha - ter participado de ato político nesta semana, Corrêa disse que não abordaria casos particulares. "Nós não personalizamos operações", observou, ao falar sobre a conduta geral da corporação. "Nós somos muito rigorosos na impessoalidade do serviço público", acrescentou. "Então, vincular nomes e envolvimento partidário não é conveniente", afirmou. O PSOL realizou, no começo da semana, ato de "solidariedade" a Protógenes em Porto Alegre. O delegado chegou atrasado à cidade e não pôde participar do ato, mas acompanhou dirigentes do partido em uma entrevista coletiva. Na quarta-feira, o PSOL fez um ato em frente ao Supremo Tribunal Federal em apoio a Protógenes e ao juiz da 6ª Vara Criminal Federal Fausto Martin De Sanctis. Corrêa negou racha na Polícia Federal por causa da Satiagraha, ao ser perguntado sobre a gravação da reunião de cúpula que discutiu a operação. Ele considerou que divergências dentro de uma operação ou de uma reunião ocorrem normalmente. "Agora, o que falam é racha de grupos e isso não tem", acrescentou. Corrêa disse que os integrantes de sua diretoria foram escolhidos por seus currículos e não por relações pessoais. Satiagraha O diretor também contestou a posição de Protógenes, que fez uma representação dizendo ter tido o trabalho restringido. O diretor argumentou que a Satiagraha foi uma das operações de maior investimento e efetivo dedicado nos últimos dois anos. Indagado sobre se haveria ambiente para a permanência do delegado na PF, Corrêa respondeu que todo policial, enquanto não tiver uma medida que o afaste, tem de trabalhar. O delegado Ricardo Andrade Saadi, que assumiu o inquérito, irá trabalhar com a mesma "independência" que Protógenes tinha, disse Corrêa. Como muito material foi reunido, o diretor explicou que cada etapa concluída será remetida à Justiça e à promotoria. As pessoas investigadas na Satiagraha tem um "peso" para a imprensa, mas para a corporação "o interesse são os fatos", comparou Corrêa. O foco é a qualidade da prova, ressaltou o diretor. "Cada frase escrita por um delegado da Polícia Federal necessariamente tem que estar lastreada em boas provas", avaliou. Ao responder sobre o fato de o inquérito considerar que Daniel Dantas "faz uso de corrupção e intimidação", Corrêa disse que se este delito surgiu, será apurado. Ele citou que a PF, por exemplo, prendeu delegados em Santos (SP) acusados de construir inquérito para intimidar autoridades.

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