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Controladores dizem que não vão parar na Semana Santa

Categoria pede perdão e diz esperar que dia 30 de março, quando uma greve paralisou todos os aeroportos do País, seja lembrado como "grito de socorro"

Por Agencia Estado
Atualização:

A Associação Brasileira de Controladores de Tráfego Aéreo (ABCTA) divulgou uma nota nesta quinta-feira, 5, negando que os controladores tenham a intenção de paralisar as atividades neste feriadão de Páscoa. A categoria diz que "espera recuperar, junto à sociedade brasileira, sua confiança e prestígio". Na nota, assinada pelo presidente da entidade, Wellington Rodrigues, os controladores reafirmam sua confiança e respeito "ao governo federal, ao Comando da Aeronáutica e, principalmente às bases do militarismo: hierarquia e disciplina". Os controladores pedem "perdão à sociedade e paz para executar com maestria nosso trabalho", garantindo que a ABCTA "não medirá esforços para reconstruir a imagem de seus representados assim como lutar pela dignidade desejando paz nos céus e feliz Páscoa a todos. Na última sexta-feira, 30 de março, os controladores de vôo rebelaram-se no Cindacta-1, em Brasília, e iniciaram uma greve, paralisando os vôos em todos os aeroportos do País. No início da madrugada, um acordo, fechado entre os militares, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, pôs fim à paralisação. O acordo, criticado pelo Comando da Aeronáutica, estabelece aumento salarial, novos equipamentos e a desmilitarização da categoria. Na nota divulgada nesta quinta-feira, os controladores afirmam esperar que o dia 30 de março "seja lembrado como um ´grito de socorro dos controladores de tráfego aéreo´ e não uma simples rebelião de militares. Plano de emergência O suspense sobre a possível ocorrência de uma nova greve dos controladores neste feriado prolongado levou a Aeronáutica a montar um plano de emergência. O objetivo é tentar evitar atrasos, cancelamentos e mais tumultos nos aeroportos durante Páscoa. O plano de emergência da Aeronáutica inclui 120 controladores da Defesa Aérea, que vão ficar de prontidão e podem ser acionados a qualquer momento se houver problemas nos aeroportos e novos protestos dos controladores, segundo informações do jornal Bom Dia Brasil, da TV Globo. As companhias aéreas também fizeram planos para outro possível caos aéreo durante o feriado da Páscoa. Elas colocaram aviões extras e reforçaram as equipes de atendimento nos aeroportos do País. Enquanto isso, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) prometeu intensificar a fiscalização nos principais aeroportos. Nesta quinta-feira, em entrevista ao Estado, o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Proteção ao Vôo, Jorge Botelho, disse que a "situação está fora de controle" e que os controladores podem tomar uma "atitude desvairada" a qualquer momento. Ao Estado, as lideranças sindicais dos controladores não descartavam novas paralisações, mesmo depois da trégua recomendada ao final da audiência de terça-feira, em Brasília, com o ministro Paulo Bernardo (Planejamento). ?Sempre colocamos para o governo que a pressão é grande. Eles (controladores militares) podem, a qualquer momento, tomar uma atitude desvairada, ou uma atitude de confronto, mais radical, e a gente não sabe o que pode acontecer?, afirmou Botelho. Investigações Em caso de nova paralisação, poderá ser pedida a prisão preventiva dos responsáveis. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, garantiu que não haverá problemas nem agora, durante a Páscoa, nem depois do feriado prolongado. O governo só deverá retomar as negociações com os controladores de vôo depois da Semana Santa. Três inquéritos policiais militares foram instaurados pela Aeronáutica para investigar o motim dos controladores de Brasília, Curitiba e Manaus. A investigação pode durar até 40 dias. Na última sexta-feira, 30, controladores de vôo de todo o País pararam os serviços em protesto às condições de trabalho e pediram a desmilitarização do setor. A reação de Lula, que suspendeu a prisão dos controladores e amotinados e mandou o governo negociar com eles, causou uma crise entre os militares da Aeronáutica e o governo federal. Na quarta-feira, 4, o presidente também afirmou que o ministro da Defesa, Waldir Pires, vai continuar no cargo, apesar da crise aérea vivida pelo País.

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