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CONTRASTE DE ESTILOS MARCA NOVA DIREÇÃO

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Por Leonencio Nossa
Atualização:

Brasília - O impeachment de Dilma Rousseff e a posse de Michel Temer não representam apenas uma mudança do ocupante do Palácio do Planalto. O desfecho do processo simboliza também um novo estilo que deve tomar conta da capital federal a partir de agora.

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A começar pelo estilo de administrar: sai o “governo do PowerPoint” para dar lugar ao de grandes reuniões. Uma imagem, porém, deve permanecer: a de um governante de gabinete. As viagens por grotões brasileiros, uma das marcas de Luiz Inácio Lula da Silva, foram esporádicas na gestão de Dilma e também não fazem o estilo de Temer.

Com perfil “centralizador”, Dilma passava madrugadas no Palácio da Alvorada em frente ao computador analisando indicadores econômicos e avaliando planilhas e projetos. Já Temer é conhecido por reunir parlamentares e aliados em jantares no Palácio do Jaburu que costumam se prolongar até o início da madrugada.

Ambos têm em comum o tom discreto nos discursos e no vestuário. Em entrevistas, ela tenta manter o controle da conversa usando as expressões “meu querido” e “minha querida”. Ele, com uma voz mais baixa e quase rouca, adota um “você sabe?”.

No perfil familiar, Dilma era a “avó do Gabriel e do Guilherme”, filhos de Paula, filha única da petista. Temer é o “pai do Michelzinho”, filho do peemedebista com a ex-miss Paulínia Marcela Tedeschi.

Restaurantes. No governo Lula, a baiana Maria de Jesus da Costa, a Tia Zélia, aumentou o espaço de seu restaurante, na Vila Planalto, após receber o petista. Já Dilma nunca apareceu por lá para provar rabadas e galinhadas.

Peemedebistas do primeiro e segundo escalões preferem o Expand, na Asa Sul, uma recriação do lendário Piantella, que entrou para a história como a casa do PMDB de Ulysses Guimarães.

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Desde que se tornou vice de Dilma, em 2010, Temer deixou de se reunir em locais públicos de Brasília com aliados. Já Dilma foi, às escondidas, a restaurantes e museus em escalas fora do roteiro oficial de viagens a Nova York, Marrakesh e Porto.

Para a Brasília que viu Fernando Collor fazer cooper, Itamar Franco ir ao cinema com a namorada, Fernando Henrique Cardoso frequentar a Pizzaria Fratello e Lula tirar fotos com turistas no Alvorada, Dilma surpreendeu quando aderiu à prática de pedalar de manhã.

Entre livros. A biblioteca do Alvorada deve continuar um ambiente importante. Dilma incluiu um almoço, em 2014, com o romancista cubano Leonardo Padura e confidenciou que ficara perturbada com O Homem que Amava os Cachorros, uma análise das utopias políticas. Ela ainda comentou publicamente Seu Amigo Esteve Aqui, biografia do colega de guerrilha Carlos Freitas, de Cristina Chacel. Também falou da trilogia Getúlio, de Lira Neto.

Ex-professor de Direito Constitucional, Temer escreveu um livro de poesias, do qual pouco fala. Recentemente, leu A Noite do Meu Bem, de Ruy Castro, que traz histórias do samba-canção, e Querido Líder, de Jang Jin-Sung, sobre a ditadura norte-coreana. / COLABORARAM LU AIKO OTTA, RAFAEL MORAES MOURA e TÂNIA MONTEIRO