''''Contas das promessas de Lula não fecham''''

Por Gabriel Manzano Filho
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O anúncio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anteontem, de elevar em R$ 4,7 bilhões os programas assistenciais em 2008 "parece mais um exercício de palanque", avaliou ontem o cientista político Amaury de Souza, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets). Para ele, "as promessas são muitas e as contas não fecham. Ele anuncia mais dinheiro para o Bolsa-Família, já fez promessas ao funcionalismo, quer subir o salário-mínimo, os gastos do governo aumentam... Acho difícil que tenha recursos para levar tudo isso avante". O pesquisador acredita que o anúncio "pode ter sido feito para desviar a atenção do grande fato da semana, que foi o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal". Ele lembra que o presidente "também prometeu R$ 2 bilhões para a saúde e depois nada se falou a respeito". Como ele, os analistas Fátima Pacheco Jordão, da FPJ - Fato, Pesquisa e Jornalismo, e Rubens Figueiredo, do Cepac, não se entusiasmam com as promessas presidenciais. "Há um enorme equívoco nessa ênfase ao Bolsa-Família", diz Figueiredo. "O governo devia é aprender com os tigres asiáticos, reduzir o Estado, investir maciçamente em educação e capacitar as camadas pobres a produzir e criar renda". O anúncio de Lula mostra, segundo Fátima Jordão, que ele "continua focando sua mensagem na comunicação, em sua personalidade e nas políticas compensatórias. Mas o que se percebe é que não há uma política de longo prazo". Ela e Figueiredo não levam a sério a comparação que o presidente faz entre seu governo e o de Getúlio Vargas. "Ao contrário de Getúlio, ele atrasa a infra-estrutura e está deseducando o povo", alerta Figueiredo. "Basta ver o lugar do Brasil nos resultados de pesquisas educacionais internacionais".

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