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Contag invade fazenda do reverendo Moon

Sem-terra cobram partilha de 5 mil hectares em MS

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Por João Naves e CAMPO GRANDE
Atualização:

Cerca de 300 sem-terra ligados à Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) invadiram a Fazenda Jamaica, pertencente ao reverendo Moon, sul-coreano que preside a Associação das Famílias para a Paz Mundial. O objetivo é forçar uma decisão do governo brasileiro sobre as 43 propriedades rurais que a entidade internacional possui no Pantanal de Mato Grosso do Sul. O imóvel fica às margens da BR-276, no município de Jardim, região oeste do Estado. A invasão ocorreu na sexta-feira à noite. Os manifestantes chegaram ao local munidos de correntes e cadeados novos, substituindo os utilizados nas entradas e saídas da propriedade. Tomaram conta da sede e expulsaram todos os ocupantes, com exceção de um sul-coreano que se recusou a deixar a fazenda, de 3 mil hectares, sob a alegação de que ali é "um lugar sagrado". O homem adoeceu e foi levado para um hospital da cidade. O sul-coreano deveria ser liberado ontem mesmo e seguiria para a Fazenda Nova Esperança - da mesma entidade, também em Jardim -, que hospeda outros estrangeiros. POLÊMICA A manifestação dos sem-terra visa a tentar uma solução para a questão das terras do reverendo Sun Myung Moon, de 87 anos. Em nome de sua associação, ele comprou fazendas em uma extensão que vai do município de Bonito até Porto Murtinho. Ao todo, são 43 áreas registradas no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Denunciadas como áreas improdutivas em 2004, todas foram alvo de vistorias do Incra. O órgão constatou um processo de agrupamento dessas fazendas. As 43 áreas originais foram fundidas em apenas 17 pela entidade do reverendo Moon. Dessas últimas, o Incra definiu como terras próprias para a reforma agrária as Fazendas Jamaica, Nossa Senhora de Fátima, Morro Azul, São Jorge e Paraíso Figueira - um total de 5 mil hectares. Em 2005, o Incra concluiu o processo de seleção das áreas do reverendo Moon consideradas apropriadas para a reforma agrária, incluindo a Fazenda Jamaica. Até agora, porém, não houve distribuição de nenhum lote para os sem-terra. De acordo com Saulo Barcellos, funcionário da associação, os advogados da entidade vão entrar hoje com um pedido de reintegração de posse.

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