Consulta a Temer serve para serenar base aliada

Dilma consultou seu vice sobre a escolha da nova ministra, e PMDB sentiu-se 'prestigiado'

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Por Christiane Samarco , Eduardo Bresciani e BRASÍLIA
Atualização:

O PMDB ficou satisfeito com a forma pela qual a presidente Dilma Rousseff tratou a cúpula do partido na montagem da articulação política do governo. Depois de ser surpreendido pela troca de comando na Casa Civil, desta vez o vice-presidente Michel Temer foi avisado na véspera. Ontem, ele e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB), foram ouvidos sobre a escolha de Ideli Salvatti para o Ministério de Relações Institucionais.

 

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A deferência de serem ouvidos para tratar da nova coordenação política do governo deixou Temer e Sarney confortáveis. Logo no início da conversa, a presidente foi clara quanto à disposição de fazer sua escolha por conta própria. E citou as qualidades de Ideli, destacando sobretudo a lealdade e a firmeza com que a ex-senadora defendeu o governo Lula, tanto como líder da bancada quanto à frente da liderança do governo no Congresso.

 

Na noite anterior, Temer já havia conversado com Dilma por cerca de uma hora e meia no Palácio da Alvorada. Ontem, ambos reforçaram que o partido estaria ao lado dela para apoiar fosse quem fosse o escolhido. "A senhora pode contar com o PMDB", tranquilizou Sarney.

 

À tarde, antes do anúncio oficial, foi a própria Ideli quem tomou a iniciativa de procurar o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, para desfazer qualquer "intriga política" de que a relação pessoal dela com peemedebistas não era boa. Localizou Renan em São Paulo, por telefone, e foi bem recebida.

 

"Você sempre teve conosco a melhor relação e, na liderança do governo, trabalhou em parceria com o PMDB", afirmou o líder à nova ministra. Anúncio feito, apressou-se em dizer que Ideli é um "excelente" nome, e justificou: "Ela foi sempre muito carinhosa com todos nós, em todas as crises, e como líder do governo abriu muito o leque de relacionamento com o Congresso".

 

Nem poderia ter sido diferente. Quando se envolveu na crise política que por pouco não lhe custou o mandato, Ideli foi seu maior ponto de apoio no PT.

 

Apoio. A escolha de Ideli para comandar a articulação política também foi bem recebida nos demais partidos da base aliada. Para os líderes governistas, por se tratar de uma escolha pessoal da presidente a nova ministra deverá ter mais peso junto a Dilma e, consequentemente, atender melhor aos anseios dos congressistas.

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O líder do PTB no Senado, Gim Argello (DF), disse encarar a troca como "fim da crise" no governo. "A presidente indicou, agora vamos trabalhar. Conversei com vários líderes e todos estão muitos satisfeitos. A Ideli foi uma competente líder do governo no Congresso e conhece o Senado como ninguém. É muito aguerrida e vai ser uma grande ministra", aposta.

 

Para o líder do PDT na Câmara, Giovanni Queiroz (PA), a falta de trânsito da ministra na Câmara não será um problema. "Isso se resolve. Ela tem muita capacidade de decisão, isso é importante."

 

Na avaliação dos líderes, a presidente agiu bem ao escolher uma ministra sem se submeter aos desejos do PT, que está envolvido em uma disputa interna na Câmara. A expectativa agora é que o prestígio de Ideli converta-se em maior articulação do governo com as bancadas no Congresso.

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