Conselho de Ética vai recomendar cassação de Jader

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Por Agencia Estado
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A subcomissão do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar já decidiu que vai recomendar a abertura do processo de cassação de mandato por quebra de decoro contra o presidente licenciado do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA). O trabalho dos senadores agora é analisar os motivos que vão fundamentar o pedido. Eles foram informados pelo auditor do Banco Central, Abraão Patruni Júnior, na quarta-feira, sobre a identificação de três cheques do Banco Itaú assinados por Jader para complementar o valor das aplicações efetuadas com dinheiro desviado do Banco do Estado do Pará (Banpará). No mesmo período, foram efetuados 59 depósitos na conta de Jader. De acordo com o senador Romeu Tuma (PFL-SP), Jader vai ter de provar que a assinatura dos cheques não é dele ou então - para se livrar - terá de informar quem fez as aplicações. As evasivas utilizadas por Jader nos seus pronunciamentos, quando se refere ao caso do Banpará, tem dificultado seu enquadramento por falta de decoro, como é chamado o ato de mentir aos colegas parlamentares. Mas o seu envolvimento no desfalque do banco estadual, afronta a ética, na avaliação dos senadores. Eles acreditam que o quadro vai ser alterado no depoimento que Jader Barbalho prestará à subcomissão, na próxima semana. Seus colegas vão lhe perguntar: "O senhor foi beneficiado por recursos desviados do Banpará?". Se Jader disser que não, eles disporão de provas para contraditá-lo e dessa forma caracterizar a quebra do decoro. Se ele confirmar que sim, que se envolveu no desfalque, a questão será ética e da mesma forma será impossível manter seu mandato. O fato do desvio ter ocorrido antes de Jader ter assumido o mandato não impedirá a ação do Conselho de Ética, uma vez que o senador não tem como apontar a origem do patrimônio milionário que possui hoje. O senador Jefferson Peres (PDT-AM) propôs a ampliação do prazo de entrega do relatório em mais 15 dias ou até que eles ouçam outras pessoas envolvidas no desfalque. Mas a proposta está sendo analisada com cautela, por causas de seus efeitos políticos. Se forem utilizados os 15 dias, vai coincidir com o final da licença da presidência. Significará, portanto, uma vitória do presidente licenciado, que poderá reassumir o cargo, alegando que nada foi apontado contra ele. A subcomissão começou a trabalhar no último dia 2. A previsão inicial era a de concluir seu trabalho até o dia 3 de setembro. Peres justifica sua proposta de estender os trabalho, lembrando que há inúmeros documentos, entre eles cheques do Banpará, que ainda precisam ser analisados. "Estamos ainda avaliando a necessidade de prorrogar os trabalhos, porque precisamos de mais tempo para analisar toda a documentação", declarou. Para Tuma, ampliar o prazo da subcomissão poderá ser fundamental para uma apuração minuciosa dos dados fornecidos por Patruni. Segundo ele, o auditor do Banco Central também detalhou as seis operações bancárias que envolvem o nome do presidente licenciado da Casa. Tuma considera igualmente importante que seja investigado o destino final dos recursos que saíram irregularmente do Banpará, na época em que Jader era governador daquele Estado. "Uma das aplicações bancárias, equivalente a US$ 4 milhões, teria beneficiado 49 pessoas", declarou Tuma. "Mas no bolso de quem foi parar esse dinheiro?" questionou. Entre as pessoas que a subcomissão deseja ouvir está o ex-gerente do Banco Itaú, da agência do Rio de Janeiro, Getúlio Motta Neto. Ele será questionado sobre a abertura das contas bancárias de Jader e de pessoas ligadas a ele, que foram beneficiadas com os recursos desviados do Banpará.

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