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Conselho de Ética retoma depoimento de Paulinho sobre BNDES

Deputado não convence relator e terá que explicar doação de apartamento à ONG presidida por sua mulher

Por Denise Madueño e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

O Conselho de Ética da Câmara retomou na manhã desta quarta-feira, 9, o depoimento do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, sobre as acusações de que teria participação em esquema de desvio de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na última terça, o depoimento teve de ser interrompido porque a Câmara daria início aos trabalhos no plenário. Veja também:Especial: Operação Santa Tereza  No primeiro dia de depoimento, Paulinho não convenceu o relator, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), de que é inocente nas acusações de envolvimento num esquema de desvio de dinheiro do BNDES. A suspeita principal levantada no primeiro depoimento foi sobre a doação de um apartamento para a ONG Meu Guri, presidida por Elza Pereira, mulher de Paulinho. O relator e outros deputados não entenderam por que a doação - feita pelo ex-consultor do BNDES João Pedro de Moura, um dos principais acusados pela Operação Santa Tereza, da Polícia Federal - foi revertida, depois de o próprio doador pagar R$ 37,5 mil à ONG, segundo contou Paulinho. "É preciso explicação mais contundente. Está muito vulnerável", afirmou Piau. Paulinho disse que Moura tinha doado o imóvel, que vale cerca de R$ 80 mil, à Meu Guri. A ONG não conseguiu vendê-lo e deixou acumular dívidas com taxas condominiais e IPTU. Como a Meu Guri não podia devolver o apartamento, Moura pagou os atrasados e recebeu o imóvel de volta. "Toda relação de compra e venda deixa um rastro. Temos de pegar o depoimento de Paulinho e comparar com os documentos", comentou o deputado Efraim Filho (DEM-PB). Com o coronel Paulinho contou que sua relação com o coronel da PM Wilson Consani, apontado pela Polícia Federal como operador do desvio de verbas do BNDES, era "comercial". Segundo ele, Consani prestava serviços de segurança em eventos da Força Sindical e foi contratado por ele, no ano passado, para investigar quem constantemente seguia sua filha. Mais tarde, o coronel lhe teria revelado que a menina era seguida por policiais civis. "Procurei a Justiça e fiz uma representação", continuou. "O que o coronel quis me dizer (num telefonema antes de ser preso) era sobre essa operação. Eu estava cuidando da segurança da minha filha", assegurou o deputado. Paulinho negou envolvimento no suposto esquema de desvio de dinheiro do BNDES, mas confirmou que conhecia bem João Pedro de Moura. Admitiu que uma conversa telefônica interceptada pela PF, na qual os interlocutores usam seu nome, induz a pensar que ele participava do esquema. "Nego veementemente que tenha participado da divisão (do dinheiro)", afirmou. Segundo ele, Moura confessou que usou seu nome para obter vantagens nas negociações. Ele negou ter ligações com as ONGs DataBrasil e Luta e Solidariedade, supostamente envolvidas no esquema de desvio de dinheiro do BNDES. No depoimento, Paulinho agiu diplomaticamente para conquistar a simpatia de colegas parlamentares. "Alguns colegas podem ter me achado agressivo e arrogante. Fui mesmo, não por vaidade, mas pelo meio de disputa (sindicatos) em que fui criado", disse.

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