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Conselho de Ética rejeita pedido de cassação de Vadão Gomes (PP)

O deputado Vadão Gomes nega ter recebido o dinheiro e disse que a denúncia contra ele se baseia em depoimento sem provas

Por Agencia Estado
Atualização:

O Conselho de Ética da Câmara rejeitou nesta quarta-feira, por 8 a 5, o pedido de cassação do deputado Vadão Gomes (PP-SP), acusado de ter recebido R$ 3,7 milhões das contas das empresas de Marcos Valério Fernandes de Souza, um dos operadores do mensalão. Essa foi a primeira votação de processo contra deputados acusados de terem se beneficiado do esquema pelo colegiado depois da saída de seis conselheiros em protesto à série de absolvições pelo plenário de parlamentares acusados de mensaleiros. A nova composição reverteu uma tendência no conselho que era pela aprovação dos pedidos de cassação dos envolvidos em denúncia do mensalão. Os deputados Ann Pontes (PMDB-PA), Zenaldo Coutinho (PSDB-PA), Affonso Camargo (PSDB-PR) e Cláudio Magrão votaram a favor do relator, Moroni Torgan (PFL-CE), que sustentou o pedido de cassação a cassação. Vadão teve o apoio dos partidos envolvidos no mensalão e de pefelistas. Votaram contra a cassação os deputados do PT Eduardo Valverde (RO), Anselmo (RO) e Neyde Aparecida (GO), do PFL, Jairo Carneiro (BA) e Edmar Moreira (MG), do PP, Feu Rosa (PI) e Márcio Reinaldo Moreira (MG), além de Josias Quintal (PSB-RJ). O deputado Nelson Trad (PMDB-MS) votou em branco depois de se declarar impedido porque já advogou a favor de Vadão Gomes em 2000. Depois da absolvição do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), no dia 5 de abril, pelo plenário da Câmara, os deputados Júlio Delgado (PSB-MG), Chico Alencar (Psol-RJ), Fernando Fantazzini (Psol-SP), Carlos Sampaio (PSDB-SP), Benedito de Lira (PP-AL) e o suplente Cezar Schirmer (PMDB-RS) deixaram o colegiado, o que provocou uma mudança no perfil do conselho. Exceto Lira, os demais integrantes que renunciaram votavam sistematicamente pela punição dos acusados e reconheciam a existência do mensalão. O processo será votado pelo plenário da Câmara, que tem absolvido os deputados, mesmo os que tiveram o parecer pela cassação aprovado pelo conselho. Para pedir a cassação de Vadão, Moroni Torgan afirmou que as investigações confirmaram os depoimentos das duas testemunhas. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza afirmaram na CPI dos Correios que Vadão Gomes recebeu R$ 3,7 milhões no esquema. Torgan apresentou dados da quebra de sigilo telefônico para mostrar que foram feitas ligações telefônicas de Delúbio e de Marcos Valério em datas anteriores aos dias nos quais Marcos Valério afirma terem sido feitos os pagamentos ao deputado. Delúbio, segundo o relator, teria ligado para Vadão nos dias 22 e 24 de junho de 2004 e Marcos Valério nos dias 28 e 29 de junho, por meio do telefone de funcionário de sua empresa. O primeiro pagamento teria sido, segundo a acusação, no dia 5 de julho. Além disso, Moroni cita que Marcos Valério voltou a ligar para Vadão, usando o telefone do funcionário de sua empresa, no dia 30 de julho, e o restante do dinheiro teria sido entregue no dia 16 de agosto. O relator sustentou que Delúbio autorizou o pagamento dos recursos e Marcos Valério cumpriu o que foi determinado, entregando o dinheiro em espécie a Vadão Gomes. "As ligações foram na ordem certa e nos dias certos", disse o relator. O deputado Vadão Gomes nega ter recebido o dinheiro e disse que a denúncia contra ele se baseia em depoimento sem provas. Citou ainda o fato de o procurador geral da República, Antonio Fernando de Souza, não ter relacionado o seu nome na denúncia entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF). Vadão afirma que Marcos Valério contou uma história falsa. "Não posso assumir aquilo que não fiz e injustamente me imputam", afirmou. O deputado apelou para o emocional, afirmando que trabalha desde a infância, que é tímido e se considerou um "desvalido parlamentar". Depois, pediu que o relator retirasse de seu parecer a parte em que cita que suas empresas têm lucro de R$ 75 milhões por mês. Segundo Vadão, o faturamento de suas empresas é que está na faixa de R$ 70 milhões a R$ 75 milhões por mês.

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