Congresso diz que vai mudar mínimo de R$ 260

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Por Agencia Estado
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Assim que o ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, anunciou no início da tarde ontem o novo valor do salário mínimo - R$ 260 -, uma onda de protestos tomou conta do Congresso e dos meios sindicais em muitos Estados. No Congresso, tanto o PT como seus aliados e a oposição criticaram a decisão, que deixou decepcionado, também, o vice-presidente José Alencar, para quem houve apenas "um aumentozinho". No final da tarde, o senador Paulo Paim (PT-RS) prometeu organizar um bloco parlamentar para mudar a medida provisória a respeito. Ele já conta com apoio, entre outros, de políticos do PPS e do PSDB. A MP começa a tramitar semana que vem na Câmara. "Podemos apontar fontes de recursos e estabelecer um salário mínimo em torno dos US$ 100", sustenta Paim, que tem feito do aumento do salário mínimo a principal bandeira de sua carreira política. Após qualificar de "frustrante" o novo valor, ele garantiu que é possível ampliar o aumento real do mínimo (que ficou nos 1,2%) com o excesso de arrecadação da Cofins e da Receita Federal, além de mais de R$ 5 bilhões de superávit do orçamento da seguridade. Líderes tucanos começaram a trabalhar na mesma direção. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), promete defender uma emenda à MP do Planalto para que o valor chegue a R$ 280. Bem ao seu estilo, provocou: "Mas aceito apoiar a proposta do governo de R$ 260,00 se o presidente Lula for à televisão reconhecer: eu delirei, fui demagogo", desafiou o líder. Irônico, o líder do PFL no Senado, José Jorge (PFL-PE), referiu-se às "mais de cem horas" que o Planalto demorou para decidir. "Isso mostra que o governo não tem capacidade de decisão. O presidente Lula não decide, só fala e viaja". "Aumentozinho" Em Belo Horizonte, o vice-presidente José Alencar classificou o reajuste como "praticamente uma correção monetária, um aumentozinho", mas disse acreditar, ainda, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá cumprir a promessa de dobrar o poder de compra do mínimo até o final de seu mandato. Um importamte aliado do governo, o senador Geraldo Mesquita (PSB-AC), confessou-se, no Senado, "profundamente envergonhado" e desabafou: "Meu sentimento de esperança por este governo foi substituído pelo sentimento de vergonha". Em seguida, criticou "o lucro pornográfico obtido ano passado nesse país". Enquanto o líder do governo na Câmara, deputado Professor Luizinho (PT-SP), advertia que o governo "chegou ao limite do possível", em defesa da estabilidade fiscal, os protestos de petistas e aliados foram intensos. Para o deputado Ivan Valente (PT-SP) os R$ 260 mostram a submissão "à ditadura do capital financeiro e à lógica do ajuste fiscal". E acrescentou que "o (ministro da Fazenda, Antônio) Palocci ganhou mais uma vez. O (antigo ministro da Fazenda, Pedro) Malan ganhou todas em oito anos. Estamos há dez anos na mesma política", concluiu Valente. "Lamento, não dá pra concordar", queixou-se outro petista, Valter Pinheiro (BA), que confessou ter tido, antes, a expectativa de que o governo ia preparar o terreno para dobrar o mínimo até 2006. Os líderes do PPS e do PTB, partidos aliados ao governo, também foram duros nas críticas. "A frieza dos números foi mais forte que o resgate da dívida social do País", afirmou o líder do PPS, Júlio Delgado (MG). Ele vai propor que os parlamentares abram mão dos recursos de suas emendas individuais ao Orçamento para que se consiga um aumento maior para o mínimo.

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