Conflito entre sem-terra e polícia deixa cinco feridos no RS

O confronto ocorreu quando a marcha dos sem-terra encontrou a Brigada Militar

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Por Agencia Estado
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Um confronto entre um destacamento da Brigada Militar (a polícia militar gaúcha) e integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) deixou cinco feridos nesta quarta-feira, 18, em São Gabriel, no sudoeste do Rio Grande do Sul. Os policiais Luiz Augusto Moreira, Jackson Fernandes e Juliano Langedorf e o sem-terra Edvaldo Martins foram atendidos na Santa Casa e liberados em seguida. O policial Alcino Marques ficou internado e não tinha previsão de alta até o início desta noite. O conflito ocorreu quando uma marcha dos sem-terra encontrou uma guarnição da Brigada Militar que vigia o acesso à Fazenda Southall pela RS-630, uma estrada vicinal que liga São Gabriel a Dom Pedrito. Segundo os sem-terra, os policiais avançaram sobre o grupo de cerca de 300 pessoas disparando e provocando pânico. Os militantes do MST reagiram a pedradas. Segundo a Brigada Militar, os poucos soldados - cerca de dez - que faziam a patrulha foram atacados pelos sem-terra e tiveram de disparar balas de borracha e bombas de efeito moral para controlar a situação. No conflito, os sem-terra conseguiram acertar pedradas e ferir quatro soldados e quebrar os vidros e amassar a lataria de um carro dos policiais militares. A situação foi controlada no início desta tarde. Reforçados pelo deslocamento de pelotões de municípios próximos, os policiais passaram a revistar e a identificar os sem-terra. Um deles, Martins, foi preso depois de receber alta no hospital. Outros 18 foram conduzidos à Delegacia de Polícia Civil para prestar depoimentos. O grupo é acusado de agressões aos policiais e de destruição de um veículo do patrimônio público. Calendário de mobilizações A marcha dos sem-terra de São Gabriel fazia parte do calendário de mobilizações do movimento em abril. O grupo havia saído de um acampamento à beira da RS-630 anunciando que marcharia um quilômetro, até a porteira do complexo de cinco fazendas de Alfredo Southall, para fazer uma manifestação pela desapropriação da área de 13,2 mil hectares. Os ruralistas da região, que monitoram todos os passos do MST, temiam que o ato se transformasse em invasão e se deslocaram para o local. "Para quem iriam fazer manifestação? Para a fauna e a flora?", ironiza o presidente do Sindicato Rural de São Gabriel, Tarso Teixeira, referindo-se à falta de assistência para um ato público realizado em meio aos campos da região. Em nota distribuída no início desta noite, o MST reclamou da truculência da Brigada Militar, que já teria batido em sem-terra na semana passada em Coqueiros do Sul e Pedro Osório e que teria obrigado alguns deles a deitar no chão com as mãos na cabeça no incidente de São Gabriel, nesta quarta-feira. Pontal do Paranapanema A Justiça de Presidente Bernardes, no Pontal do Paranapanema, oeste do Estado de São Paulo, mandou despejar as 300 famílias do MST que invadiram, na última segunda-feira, a fazenda São Luiz, na zona rural do município. Os sem-terra destruíram parte de um canavial durante a invasão em protesto contra o agronegócio. Caso a desocupação não ocorra voluntariamente, o despejo forçado será realizado nesta sexta-feira pela Polícia Militar. Até o início desta noite, os líderes do MST não tinham sido notificados. O coordenador estadual Valmir Ulisses Sebastião disse que os sem-terra não pretendem descumprir a ordem judicial. "Já que temos de sair, vamos fazer novas ocupações", prometeu.

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