'Na tribo do petrolão, Cunha é índio e o cacique está solto', diz Marun

Principal aliado de Cunha, Carlos Marun defende que o ex-presidente da Câmara não é o protagonista do escândalo na Petrobrás

PUBLICIDADE

Por Sarah Teófilo
Atualização:

BRASÍLIA - Principal aliado do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, Carlos Marun (PMDB-MS) disse ao Estado que, no escândalo do petrolão, o ex-deputado não é protagonista. Marun, grande defensor de Cunha durante processo de cassação do ex-deputado, afirmou que não poderia comentar a condenação do colega, por não ter lido a sentença, mas disse: "O Cunha, ao meu modo de ver, não é o protagonista desta situação. Na tribo do petrolão, Cunha é no máximo um índio, e o cacique está solto".

Eduardo Cunha, preso em Curitiba desde outubro do ano passado, foi condenado nesta quinta-feira, 30, pelo juiz federal Sérgio Moro a 15 anos e quatro meses de prisão por crimes de corrupção, lavagem e evasão fraudulenta de divisas. A ação penal trata de propinas na compra do campo petrolífero pela Petrobras em Benin, na África, em 2011.

O deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) Foto: Dida Sampaio/Estadão

PUBLICIDADE

Marun, que defendeu o ex-deputado na Câmara durante o processo de cassação, disse que Cunha tem contas a prestar e explicações a dar na Justiça, "mas também tem serviços prestados ao país". "As contas que ele tem que prestar são individuais, e o serviço prestado envolve a coletividade", afirmou. Questionado se as ações do ex-presidente da Câmara acabam envolvendo a coletividade, Marun disse que sim, "mas não da mesma forma". O mandato de Cunha foi cassado em setembro do ano passado por quebra de decoro parlamentar. Ele foi acusado de mentir em depoimento à CPI da Petrobrás por ter dito que não possuía contas na Suíça.

Apesar da relação estreita com Cunha, Marun garantiu que nunca chegou a ter uma amizade com o ex-deputado, e que não o vê desde dezembro do ano passado. Na ocasião, o peemedebista visitou o colega na prisão em Curitiba, e chegou a utilizar verba da cota para exercício da atividade parlamentar para custear a viagem. Na época, Marun afirmou que devolveria o dinheiro e disse que a visita não teve caráter político, mas sim natalino. Segundo o deputado, desde então não teve mais contato com Cunha ou pessoas próximas a ele. Sobre a possibilidade de visitá-lo no Natal deste ano, afirmou que "até lá ainda tem bastante tempo", e que talvez repita a visita.

Reações. O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) também comentou a prisão de Cunha, seu adversário político. Na avaliação do deputado, a punição deixará o "pessoal mais ressabiado", uma vez que o mundo político está se dando conta de que Moro não se inibe diante de personagens que já tiveram poder. "Até sombra de formiga vai assustar", ironizou. Delgado aposta que qualquer recurso da defesa de Cunha terá poucas chances de sucesso e que agora é a oportunidade dele assinar o acordo de colaboração premiada. "A delação dele agora o previne para o restante", observou.

Já o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) afirmou que a condenação do peemedebista é a prova de que os que defendiam sua cassação tinham razão. "Tomara que ele conte tudo o que sabe para que a gente possa passar a limpo o Parlamento", disse. 

(Com informações de Daiene Cardoso)

Publicidade