PUBLICIDADE

Condecorada faria de novo

PUBLICIDADE

Foto do author Marcelo Godoy
Por Marcelo Godoy
Atualização:

Neuza vive seus dias se lembrando dos colegas. Artoni morreu. Sá morreu. "E o doutor Ney meteu uma bala na própria cabeça." Solteira, a tenente está quase cega. A mais importante agente do DOI de São Paulo nasceu em 1936. Foi uma das duas mulheres do destacamento condecoradas pelo Exército com a Medalha do Pacificador. Além de ser a primeira a receber essa condecoração, Neuza foi a única das mulheres da Polícia Feminina emprestadas ao DOI a se envolver diretamente em operações que terminaram na morte de procurados. A tenente atuou em ações que resultaram na morte de dez pessoas, nove das quais eram guerrilheiros da Ação Libertadora Nacional (ALN). Também participou das prisões de três militantes que desapareceram - entre eles Hiram de Lima Pereira (PCB), que foi secretário de administração de Miguel Arraes na prefeitura do Recife. "Fazia meu serviço com satisfação. Faria tudo de novo. Não me arrependo de nada." Neuza estudou em colégio de freiras. Decidiu entrar na polícia em uma época em que mulher fardada era raro. "Éramos como extraterrestres", recorda. Em 1970, o destacamento precisou de uma mulher para uma missão: a infiltração de um casal de agentes em um curso para casais em uma paróquia da zona leste de São Paulo. A operação foi um sucesso, e Neuza ficou no destacamento até 1975. Foi seguida por outras mulheres - todas destacadas para a Seção de Investigação, na qual cuidavam das escutas telefônicas e ajudavam a vigiar suspeitos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.