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Comissão reconhece ação do Estado na morte de Iara Iavelberg

Por Agencia Estado
Atualização:

A Comissão dos Mortos e Desaparecidos Políticos reconheceu hoje as mortes da professora universitária Iara Iavelberg e do operário Santos Dias da Silva como responsabilidade do Estado brasileiro. Iara Iavelberg era companheira de Carlos Lamarca e morreu por suicídio forçado em agosto de 1971, aos 27 anos, em um apartamento em Salvador (BA). Já Santos Dias da Silva foi assassinado por policiais militares enquanto comandava uma manifestação em outubro de 1979, em São Paulo. É a segunda vez que a Comissão analisa o pedido de indenização para a família de Iara Iavelberg. Antes da aprovação em maio deste ano da Medida Provisória 176/04 que estende a indenização aos parentes de pessoas mortas ou desaparecidas em manifestações políticas, confronto com a polícia ou que foram forçadas a cometer suicídio entre 02 de setembro de 1961 e 05 de outubro de 1988, o pedido de Iavelberg foi negado pela Comissão. "O caso foi aprovado por unanimidade. Ampliada a lei 9.140, tendo ela sido assassinada ou se suicidado, a família tem direito à indenização porque o caso está amparado pela lei", ressaltou Susana Lisboa, representante dos familiares de desaparecidos políticos na Comissão. A Comissão não conseguiu esclarecer, no entanto, a verdadeira causa da morte de Iara Iavelberg. Há duas versões sobre a morte da professora. Uma, que teria sido morta após rápido tiroteio com policiais do DOI/CODI-RJ, deslocados a Salvador para prendê-la. Na tentativa de escapar à perseguição dos policiais, a professora teria se matado com um tiro na cabeça. A outra versão, baseada nos testemunhos de populares que assistiram à prisão Iara, aponta que a professora teria sido presa e levada e torturada na sede do DOPS local. "Deferimos o caso de Iara na dúvida de suicídio ou assassinato. Mas a nossa atuação não acaba aí. Se amanhã ou depois aparecerem novos indícios, podemos continuar na busca real desse caso", afirmou o presidente da Comissão, Augustino Veit. Segundo Susana Lisboa, a Comissão não conseguiu localizar o laudo do Instituto Médico Legal de Salvador com a causa morte de Iara. "O Estado reconhece a responsabilidade pela morte, indeniza a família, mas não têm provas para afirmar se foi suicídio ou assassinato. Temos a convicção íntima de que ela não se suicidou", afirmou Velt. O valor da indenização pelas mortes de Iara Iavelberg e Santos Dias da Silva ainda será calculada pelo Ministério da Justiça. As informações são da Agência Brasil. Leia também: Corpo de Iara Iavelberg é exumado em São Paulo Restos de namorada de Lamarca serão transladados

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