Comissão pede que PF assuma investigação sobre uso de presos

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Por Agencia Estado
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A comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados pediu ao ministro da Justiça, Paulo Tarso Ribeiro, que a Polícia Federal assuma as investigações sobre as denúncias de mortes praticadas pelo Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância (Gradi) da polícia paulista. A corporação, formada por policiais civis e militares, é acusada de usar presidiários infiltrados em suas operações. Em uma delas, teria ocorrido a morte de 12 presos, supostamente integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), em março, em Sorocaba, no interior de São Paulo. Paulo de Tarso recebeu hoje o presidente da comissão, Orlando Fantazzini (PT-SP) e o vice-prefeito Hélio Bicudo (PT), também presidente do Centro Santo Dias de Defesa dos Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo, de quem recebeu um laudo feito por legista do Rio de Janeiro, mostrando que os 12 presos foram executados em um pedágio e não houve confronto. ?Uma das testemunhas, que participou de tudo, contou que armou a cilada?, disse Fantazzini, referindo-se a um presidiário que estava à serviço do Gradi. ?Este preso nos contou tudo e, para depor oficialmente, exigiu garantias de vida.? No documento entregue para o ministro, o deputado e Hélio Bicudo pediram que a PF entre nas investigações, já que a Lei 10.446, aprovada em maio passado, permite que este tipo de apuração seja feita por força federal, já que envolve ação contra os direitos humanos. ?O ministro ficou sensibilizado com a situação e nos prometeu dar uma resposta na próxima semana?, informou Bicudo. Se isso não acontecer, até quarta-feira, a comissão e outras entidades irão recorrer à Comissão Interamericana de Direitos Humanos das Organizações dos Estados Americanos (OEA). Esquadrão da Morte Para Fantazzini, o Gradi, criado para analisar casos relacionados a racismo e preconceito racial e religioso, acabou tornando-se um esquadrão da morte. ?A operação Castelinho ? como ficou conhecida a ação do grupo em Sorocaba ? foi montada para fazer execução. Não queremos que, em São Paulo, ocorra o mesmo que vem acontecendo no Espírito Santo e nem que o Gradi se transforme em uma Scuderie Le Coq?, afirmou Fantazzini, referindo-se ao grupo formado em Vitória, acusado de várias execuções. Fontes da Polícia Federal afirmaram que dificilmente a instituição irá interferir nas investigações que vêm sendo feita pelo Ministério Público paulista e pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, mesmo com a permissão da lei. ?Não tem a menor possibilidade, até mesmo por razões de recursos humanos?, disse um delegado ligado à cúpula da PF. Mesmo assim, Paulo de Tarso prometeu analisar a questão. Nesta sexta-feira, o ministro telefonou ao governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), a quem pediu que o Estado desse proteção a quatro presos que estariam sob risco de vida, conforme relato de Fantazzini e Bicudo. O governador garantiu que todas as providências estão sendo tomadas para preservar a integridade dos detentos, que passaram a ser colaboradores da Justiça.

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