Governo e oposição iniciaram uma disputa acirrada na Comissão de Relações Exteriores do Senado nesta quinta-feira, 29, em meio as discussões sobre a entrada da Venezuela no Mercosul.
A discussão começou com a defesa do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) pela aprovação do seu parecer contrário à adesão do país vizinho ao bloco sul-americano.
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O voto do senador tucano tem como posição central argumentos sobre a democracia na Venezuela e a forma de agir do presidente Hugo Chávez, que, na avaliação do senador, fere os princípios da democracia.
"Bastará uma natural mudança política no comando do Brasil para que o relacionamento entre nossos países corra o risco de sofrer uma perigosa mudança de rumos", diz o voto, apresentado à comissão em reunião no último dia 1º.
"Quando eu estou falando dos aspectos políticos, não estou falando de ideologia. Não me importa se o Chávez é de esquerda ou de direita, se é isto ou é aquilo. O Mercosul começou aqui com o presidente José Sarney a partir de países que saíam de ditaduras. Era o grande ideal: uma América do sul Integrada, não mais sujeita àquelas turbulências", disse o senador.
"Aceitar a Venezuela no bloco é dizer que preso político é um pequeno detalhe, liberdade de imprensa é um pequeno detalhe, não aceitação de contratos é um pequeno detalhe", continuou.
Governo
Antes da explanação de Tasso Jereissati, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), apresentou um resumo do seu voto em separado favorável à adesão rebatendo as alegações do senador oposicionista. Ele destacou que a Venezuela é hoje o 5º parceiro comercial do Brasil.
"Alguns argumentam que o Brasil não deveria permitir que Hugo Chávez ingresse no Mercosul e perturbe o funcionamento do bloco. Outros questionam se o atual regime político da Venezuela é compatível com o compromisso democrático do Mercosul. Quem está aderindo não é o atual governo venezuelano, mas sim a Venezuela, país vizinho com o qual o Brasil sempre manteve boas relações, hoje profundamente adensadas", defende o governista no seu voto.
Os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Francisco Dornelles (PP-RJ), também defenderam a adesão. Para Dornelles, a não entrada da Venezuela no bloco seria prejudicial ao país, dado o grande fluxo comercial entre os dois países.
Já para o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), a entrada do país irá significar no colapso do bloco. "Estamos antecipando a missa de sétimo dia do Mercosul", disse
Virgílio disse ainda que as trajetórias dos "ditadores" da América do Sul começam com o cerceamento da oposição e da imprensa, e terminam num conflito armado. O tucano acredita que a vítima de Chávez pode ser a Guiana, já que se atacasse a Colômbia e o Brasil seria "fragorosamente derrotado".
"Tenho a certeza quase absoluta de que estamos dando um voto de morte para uma união que poderia superar economicamente a Alemanha, se tivesse seguido os rumos adequados", concluiu.
Com informações de Carol Pires, da Agência Estado