Comissão de Ética decide hoje se pune Carvalho

Chefe de gabinete da Presidência é acusado de fornecer dados de operação a Greenhalgh, que defende acusados

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Por Eugênia Lopes e BRASÍLIA
Atualização:

A Comissão de Ética Pública analisa hoje as denúncias contra o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, acusado de ter fornecido informações sobre investigações da Operação Satiagraha ao ex-deputado petista e advogado Luiz Eduardo Greenhalgh. Greenhalgh é advogado de Humberto Braz, braço direito do banqueiro Daniel Dantas, dono do Banco Opportunity - tanto Dantas como Braz foram presos na operação da Polícia Federal. Na sétima reunião da comissão neste ano, os conselheiros deverão decidir se Carvalho cometeu algum desvio ao informar a Greenhalgh, em telefonema, que não havia nenhuma pessoa designada na Agência Nacional de Inteligência (Abin) ou no governo investigando Braz. A suspeita é de que Carvalho teria passado informações privilegiadas para Greenhalgh. O advogado Roberto Caldas, um dos conselheiros, foi designado relator do caso. Na semana passada, ao depor na CPI dos Grampos, o diretor-geral da Abin, delegado Paulo Lacerda, admitiu que Carvalho telefonou para o secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general João Roberto de Oliveira, para saber sobre um agente do governo que, no Rio, no início deste ano, acabou interpelado pela polícia por seguir Braz. O general ligou, então, para o diretor-adjunto da Abin, José Milton Campanha, que informou que o agente fazia "acompanhamento de alvo estrangeiro em situação irregular". "Essa foi a informação dada para o Gilberto Carvalho. Na verdade, é o que chamamos de história de cobertura", explicou Lacerda. Na reunião de hoje, os integrantes da comissão também deverão discutir se da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, cometeu algum desvio ético no caso da venda da VarigLog. Os conselheiros vão analisar se Dilma teria interferido em favor de um grupo privado que comprou a VarigLog e, em seguida, a Varig. Também vão avaliar o fato de a ministra ter recebido o advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula, pelo menos duas vezes na Casa Civil em encontros não registrados em sua agenda pública, o que é considerado infração pelo Código de Ética. Criada em 1999, a Comissão de Ética Pública não puniu praticamente ninguém até hoje. Apesar da recomendação do colegiado de se afastar da presidência do PDT, o ministro Trabalho, Carlos Lupi, ficou no cargo durante meses antes de deixar o comando do partido. O ministro dos Esportes, Orlando Silva, que usou cartão corporativo para comprar uma tapioca, também não sofreu punição.

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