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Começam depoimentos, mas CPI dos Cartões ainda patina

Comissão ouviu procurador do TCU e ex-ministro de FHC, sem revelações

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Por Ana Paula Scinocca e BRASÍLIA
Atualização:

No primeiro dia de depoimentos da CPI dos Cartões Corporativos, a oposição praticamente desertou e a base aliada agiu para bloquear a quebra de sigilos, instrumento essencial para apurar irregularidades com o "dinheiro de plástico" do governo. Os oposicionistas, que haviam prometido fazer barulho, nem sequer apareceram em peso, enquanto os governistas se posicionaram contra qualquer tentativa de quebra de sigilo, principalmente dos integrantes da Presidência. O depoimento do ex-ministro do Planejamento Paulo Paiva (do governo Fernando Henrique Cardoso) não serviu para dissipar as suspeitas de um acordo para abafar as investigações. Paiva disse apenas que, no período em que esteve no cargo (entre abril de 1998 a março de 1999), os cartões corporativos foram implementados para a compra de passagens aéreas à vista. Evitou dar respostas diretas e emitir opinião sobre o uso dos cartões, amparando-se no argumento de que não lhe "caberia julgar". "Não conheço as razões pelas quais se permitiu o saque por meio dos cartões", esquivou-se várias vezes. Antes de Paiva foram ouvidos o procurador do Tribunal de Contas da União (TCU) Marinus Eduardo Marsico e outros representantes do órgão. Ao todo, foram quase cinco horas de depoimentos. Marsico chegou a sugerir a suspensão do uso dos cartões pelo governo. "Pedimos ao relator do processo de auditoria para que o TCU, se lhe convier, suspenda o uso dos cartões com as devidas punições." O procurador ainda criticou o uso sigiloso dos cartões. "Não consigo ver como os cartões corporativos possam ser instrumento para gastos sigilosos. O cartão é um meio eletrônico de pagamento que é facilmente identificado. Não vejo como um meio eletrônico para efetivar gastos sigilosos." O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) reclamou da condução da CPI, por ter impedido até agora a quebra de sigilo. "Defendo uma postura de radicalização da oposição, até mesmo se retirando da CPI, para não legitimar uma farsa. Quero reafirmar o que tenho dito: esta CPI constituirá farsa absoluta se mantiver os procedimentos inicialmente adotados." Mais do que depressa, o relator, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), tratou de argumentar que existe jurisprudência no Supremo Tribunal Federal (STF) que impede a quebra de sigilo sobre gastos da Presidência com o uso dos cartões. "Se é algo que temos em quantidade é jurisprudência do STF quanto à quebra de sigilos. A CPI não pode atropelar os fatos", reagiu. FRASE Álvaro Dias Senador (PSDB-PR) "Defendo uma postura de radicalização da oposição, até se retirando da CPI, para não legitimar uma farsa. Esta CPI constituirá farsa absoluta se mantiver os procedimentos adotados"

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