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Começa reunião para decidir futuro de Renan

Relatório sobre futuro do presidente do Senado será pelo arquivamento do caso

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Por Redação
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Começou pouco depois das 17 horas a sessão do Conselho de Ética do Senado que decidirá o futuro do presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL). O relatório do processo contra Renan por suposta quebra de decoro parlamentar pede o arquivamento do caso e deverá ser votado nesta quarta-feira, 20. Wellington Salgado (PMDB-MG) é o novo relator, escolhido para substituir Epitácio Cafeteira (PTB-MA) no cargo, que está afastado de suas funções por problemas de saúde. O nome de Salgado sofre resistências dentro do Conselho de Ética por fazer parte da "tropa de choque" de Renan. Salgado assumiu o mandato na vaga deixada pelo ministro das Comunicações Hélio Costa. Segundo ele, o relatório que será lido no Conselho para decidir o futuro de Renan mantém o pedido de arquivamento antes proposto pelo seu antecessor. Ele afirmou que o documento não vai entrar na polêmica sobre a origem do dinheiro para o pagamento da pensão alimentícia à jornalista Mônica Veloso. De acordo com o senador, os extratos de Renan comprovam que havia recursos próprios para as despesas. "Mas se a origem está sendo contestada, é o caso de abrir outro processo no Conselho de Ética", disse. Saída digna Um grupo de parlamentares negocia com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) a sua renúncia à Presidência do Senado, mantendo o seu mandato. O grupo articula uma solução intermediária, que poderia ser uma punição aplicada pelo Conselho de Ética, pelo fato de Renan se relacionar com um lobista. Renan, depois de renunciar, não seria mais processado por ter supostamente recebido dinheiro do lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior, para pagar pensão alimentícia à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha, já que a comprovação ou não destes pagamentos seria desgastante para o senador e para o próprio Senado. A punição, branda, seria aplicada apenas pelo fato de Renan ter exposto a presidência da Casa a uma relação suspeita com o lobista. O senador reafirmou nesta quarta-feira, 20, que não renuncia. "Renúncia não existe no meu dicionário. Sou um homem de luta, forjado na luta. Quem fala em renúncia não me conhece", disse Renan, em resposta às pressões que vem recebendo para deixar o cargo. Renan insiste na estratégia de encerrar nesta quarta o processo que enfrenta por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética. "O país todo, todo mundo espera que o Conselho de Ética decida. Quanto mais rápido melhor, porque ajuda a retomada da normalidade do Brasil, da democracia e das instituições", afirmou. O grupo esteve reunido com Renan na noite de terça-feira, 19. Os parlamentares argumentaram que a situação do presidente do Senado é crítica, e que a situação prejudica a própria instituição. Outras alternativas estão em estudo, mas a punição branda pelo Conselho de Ética parece a mais viável. Outra linha, defendida pelo senador José Sarney (PMDB-AP), é a de que o caso de Renan seja remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF), para tirar o problema das mãos do Senado. Mas os parlamentares liderados por Jucá observam que há impedimentos jurídicos. Oficialmente, Renan não é investigado pela Polícia Federal e, portanto, o STF não teria como admitir um processo contra ele. Perícia No início da noite de terça-feira, 19, o Estado ouviu parte dos diálogos travados entre o senador Sibá Machado (PT-AC), presidente do Conselho de Ética, e os peritos Clênio Guimarães Beluco e David Antônio de Oliveira que lhe entregaram o laudo inconcluso. "Tem uma nota fiscal de venda de gado emitida para a (empresa) Carnal que foi paga com cheque. Mas não foi a Carnal que emitiu o cheque. É preciso investigar se essas pessoas (envolvidas com o pagamento e emissão dos cheques) têm algum vínculo com a atividade rural", disse o perito, admitindo que não teve como atestar se a operação envolvia ou não "laranjas" e se comercialização foi efetivamente feita. O perito também admitiu, em outra parte da conversa: "Há algumas vendas de gado, pagas com cheques, que não se relacionam. São pequenas inconsistências." Diante de uma pergunta feita pelo senador Sibá, que o Estado não conseguiu ouvir direito, o perito respondeu: "Mas não se pode comprovar (cabalmente) que haja uma ilegalidade." (Com Christiane Samarco e Cida Fontes, do Estadão)

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