Apesar da derrota do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no Conselho de Ética, a tropa de choque do senador continua mantendo otimismo para a votação do processo no plenário, que deve ocorrer na próxima semana. "A votação de hoje não é parâmetro para nada. Não serve como referência. Com o voto secreto será diferente", disse Almeida Lima (PMDB-SE), um dos relatores do processo no conselho e aliado de Renan. O Conselho de Ética aprovou nesta quarta-feira, 5, por 11 a 4 o relatório que pede a cassação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em processo no qual é acusado de ter despesas pessoais pagas por um lobista da Mendes Júnior. O parecer dos relatores Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS) citavam oito irregularidades que caracterizariam quebra de decoro. Ainda nesta quarta-feira, 5, deverá ser realizada uma sessão extraordinária da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), para decidir se o processo será ou não admitido. Se for, na semana que vem irá a votação no plenário. E, neste caso, o voto dos senadores será secreto. Veja também: Conselho aprova parecer pela cassação de Renan Calheiros Veja a cronologia do caso Renan Íntregra do relatório que pede a cassação de Renan Entenda as três frentes de investigação contra Renan Em resposta a aliado de Renan, relatores defendem cassação 'Vamos ganhar... É ter calma', afirma Renan sobre cassação Aliado de Renan, Salgado não vê indícios para cassação Saiba como tramitará o processo contra Renan Denúncias contra Renan abrem três frentes de investigação Nova denúncia: Renan tem de explicar propinas Depois de exatamente três meses de tramitação da representação do PSOL, Renan não conseguiu explicar suas ligações com o lobista da Mendes Júnior Cláudio Gontijo, que entregava à jornalista Mônica Veloso (com quem tem uma filha de três anos) dinheiro para custear suas despesas pessoais. O primeiro a justificar seu voto foi Wellington Salgado (PMDB-MG), um dos aliados de Renan no conselho. Salgado, que chegou a ser relator do caso por menos de 24 horas, votou pela não cassação. Segundo ele, a "simples" amizade de um senador com um funcionário de empreiteira não pode caracterizar quebra de decoro. Salgado disse ainda que Renan contou com o apoio de um amigo em um assunto que exigia "discrição" e não se prova que a Mendes Júnior tirou qualquer proveito da relação. Em seguida, Marisa e Casagrande rebateram Salgado (PMDB) e disseram estar "tranqüilos" quanto ao documento que elaboraram pedindo a cassação. Renan assiste à reunião de seu gabinete e declarou nesta quarta assim que chegou ao Congresso: "Vamos ganhar. É ter calma". Além do processo votado nesta quarta-feira, Renan é alvo de outras duas representações. Uma delas, de iniciativa do PSOL, se refere a seu suposto lobby na Receita Federal e no INSS para favorecer a cervejaria Schincariol, após a empresa ter pago R$ 27 milhões pela fábrica de refrigerantes do deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), seu irmão. A outra, apresentada pelo DEM e pelo PSDB, pede que seja investigada a sociedade de Renan com o usineiro João Lyra na compra de um jornal diário e duas emissoras de rádio em Alagoas em nome de laranjas.