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Com prisão de Temer, agenda do governo entra no 'limbo' do Congresso, diz analista

'A leitura é que, se dois presidentes estão presos, qualquer um pode ser', diz Carlos Melo, cientista político do Insper

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Por Fernanda Nunes
Atualização:
Prisão de Michel Temer foi deflagrada nesta quinta-feira, 21, pela Polícia Federal. Foto: Agência Brasil

SÃO PAULO - A prisão de políticos do MDB, o partido do ex-presidente Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco, terá efeito direto na votação de projetos de governo que ultrapassam a reforma da Previdência, como a privatização da Eletrobrás e a discussão da cessão onerosa da Petrobrás, avalia o cientista político do Insper Carlos Melo. A perspectiva é que toda decisão relevante seja paralisada, sem data para sair do "limbo". Tudo vai depender dos desdobramentos dos próximos dias.

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Até a próxima semana, pelo menos, o Congresso permanecerá paralisado, diz o especialista, acrescentando que as prisões significam também o fortalecimento da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, sob o comando do juiz Marcelo Bretas, em detrimento do braço curitibano da operação.

"A leitura é que, se dois presidentes estão presos, qualquer um pode ser. O sistema político fica apreensivo e retira o foco das reformas. Hoje, discutiriam a Previdência. Mas só vão pensar nas prisões", ressalta Melo. Ele avalia ainda que denúncias recentes envolvendo o PSL, de suposto esquema envolvendo laranjas e milicianos, causam apreensão também em aliados diretos do presidente Jair Bolsonaro.

"Hoje, nada seria votado, porque é quinta-feira. Seria possível avançar com demandas do governo no Congresso na terça-feira, mas tudo vai depender das repercussões na imprensa até domingo e se o STF (Supremo Tribunal Federal) vai conceder habeas corpus ou não. As prisões são boas para a afirmação das instituições democráticas, mas não para quem quer promover reformas", destacou o cientista político.

Melo acredita ainda que a prisão de Temer favorece especialmente o juiz Bretas, que pode assumir a posição de "justiceiro nacional", antes ocupada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.