Com marketing, Planalto pretende vender idéia da ?Era FHC?

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Por Agencia Estado
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A "Era Fernando Henrique Cardoso". É assim que o presidente da República deseja que a nova equipe de comunicação institucional conceitue a propaganda do governo no próximo ano. Trata-se de uma mudança expressiva, que cancela o modelo de regionalização com ênfase nas obras e ações federais nos Estados e municípios. Esse modelo foi criado e implantado pelo agora embaixador do Brasil em Roma, Andrea Matarazzo. A nova orientação recebida por seu sucessor na Secretaria de Comunicação, José Roberto Viera da Costa, o Bob, está sendo interpretada também como um sinal de que, apesar de seus vínculos pessoais com o ministro da Saúde, José Serra, a sua nomeação não obedece à lógica de eventual campanha presidencial do ministro. Fim da Era Vargas A idéia é tentar fixar documentalmente seus dois mandatos como representativos de uma era de mudanças. O governo acredita que, assim, poderá demonstrar que Fernando Henrique não desmontou o Estado, como alegam seus adversários, mas o reorganizou em bases tais, que uma outra era se encerrou - a Era Vargas -, que, desde os anos 30, estabelecera os fundamentos de um tipo característico de nacional-desenvolvimentismo financiado pelo Tesouro, que expandiu a burocracia do Estado, dando-lhe autonomia e um poder muitas vezes maior do que aquele recebido pelos políticos das urnas. Além da estabilidade monetária, da quebra dos monopólios estatais, do sucesso parcial das privatizações (a telefonia foi um grande êxito, a da energia um fracasso), da conquista de regras de responsabilidade fiscal, e de obras físicas, como o gasoduto Brasil-Bolívia, a construção e duplicação de estradas como a Fernão Dias e a Regis Bittencourt, o que Fernando Henrique deseja mesmo mostrar é o que fez na área social e a mudança radical de paradigma na gestão de políticas públicas que promoveu. Ponto de honra No final deste ano, o governo atingiu uma meta que era ponto de honra para o final do mandato: derrubar para um dígito o índice de analfabetismo do País, que baixou para 9%. Associado ao índice de 97% de matrícula das crianças em idade escolar, a meta torna-se a mais vistosa da "Era FHC". São metas quantitativas, que agora produzirão demanda por mais qualidade. Ou seja, que os analfabetos possam ler e entender textos mais complexos, o que não ocorre com as pessoas mais velhas recentemente alfabetizadas. A "Era FHC" poderá ter como marca, também, uma frase: "Da LBA ao cartão bolsa-escola", dizem fontes envolvidas no balanço do período. A extinta Legião Brasileira de Assistência (LBA), origem de escândalos em governos passados, foi substituída pela gestão transparente e sem intermediação de programas sociais como o bolsa-escola. Desmanche Um outro objetivo não-explícito na agenda do ano eleitoral é evitar o vazio de poder que caracteriza as administrações durante as campanhas no último ano de mandato. Depois de fevereiro, o processo de desmanche deve se acelerar. Saem os ministros e tecnocratas que serão candidatos, e começa a campanha, o que deixará Fernando Henrique um pouco mais só e com oito meses de mandato. Antes disso, porém, o presidente pretende reunir para um balanço geral todos os "gerentes" dos programas do que ele chama de "rede de proteção social". Seu objetivo: "dar um gás no pessoal e mostrar que o governo só acaba no último dia de mandato", diz uma autoridade.

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