Com Kassab e Alckmin, troca de elogios

Serra leva prefeito e secretário, rivais em 2008, para inauguração

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Por Silvia Amorim
Atualização:

Cena rara durante as eleições do ano passado, o governador José Serra (PSDB), o secretário de Desenvolvimento, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito Gilberto Kassab (DEM) participaram ontem juntos da inauguração de uma escola técnica estadual na capital. Foi a primeira vez que o trio dividiu o palco em um evento do governo após o embarque de Alckmin no secretariado paulista. Kassab estava lá apenas como convidado. O clima foi de cordialidade e troca de elogios, numa tentativa de demonstrar que os tempos de rivalidade acabaram após a conturbada disputa eleitoral em 2008. Em discurso, Kassab cumprimentou Alckmin, referindo-se a nos seguintes termos: "O nosso sempre governador". O ex-governador elogiou o "extraordinário trabalho do governador Serra e do vice-governador Alberto Goldman" na área do ensino técnico. Serra, alçado ao papel de pacificador do partido em São Paulo com a nomeação do ex-governador, destacou em seu pronunciamento que Kassab e Alckmin "estão se entendendo". Ele comentava a parceria entre a Secretaria de Desenvolvimento e a prefeitura para expansão do ensino técnico na cidade. Há quatro meses, não era esse o clima entre os três. O ex-governador tucano lançou-se candidato à Prefeitura de São Paulo contra a vontade de Serra, que apoiou Kassab. Durante a campanha, Serra não subiu no palanque do colega de partido. Fez apenas uma aparição na estreia do programa de Alckmin no horário eleitoral e, depois, foi ao jantar organizado pelo PSDB para arrecadar fundos para a campanha. Já com o Kassab, o tucano esteve diversas vezes em eventos do governo e da prefeitura. Ontem, até mesmo vereadores do PSDB apontados como traidores pelos alckmistas por apoiarem a reeleição de Kassab participaram da inauguração. A pacificação que Serra tenta fazer no PSDB paulista é estratégica para o fortalecimento de sua candidatura à Presidência em 2010. O governador apontou ontem o projeto de expandir a rede de escolas técnicas e faculdades de tecnologia, vitrines da sua gestão, como uma das frentes para enfrentar a crise econômica. "O ensino técnico vai no coração dos problemas de São Paulo: emprego para os jovens e mão-de-obra qualificada para produzir mais e ganhar melhor." Sobre o equívoco cometido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva anteontem em relação ao índice de analfabetismo em São Paulo, Serra disse que não viu "má-fé", mas erro do Ministério da Educação. Lula disse que o Estado tinha 10% da sua população de analfabetos. O correto é 4,6%.

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