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Com Ciro e Haddad, lideranças da esquerda pedem renúncia de Bolsonaro

Processo de impeachment, segundo alguns signatários, pararia o Congresso e o País durante o combate ao coronavírus

Por Ricardo Galhardo
Atualização:

Diante do crescente protagonismo de líderes de centro-direita como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na oposição a Jair Bolsonaro durante a crise do coronavírus, líderes da esquerda se uniram em um manifesto para pedir a renúncia do presidente.

Segundo eles, a saída voluntária de Bolsonaro seria "menos custosa" ao País. O processo de impeachment, segundo alguns signatários, paralisaria o Congresso e o país durante o combate à doença. 

Presidente Jair Bolsonarono Palácio do Planalto Foto: Sergio Lima/AFP

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"Bolsonaro não tem condições de seguir governando o Brasil e de enfrentar essa crise, que compromete a saúde e a economia. Comete crimes, frauda informações, mente e incentiva o caos, aproveitando-se do desespero da população mais vulnerável. Precisamos de união e entendimento para enfrentar a pandemia, não de um presidente que contraria as autoridades de saúde pública e submete a vida de todos aos seus interesses políticos autoritários. Basta! Bolsonaro é mais que um problema político, tornou-se um problema de saúde pública. Falta a Bolsonaro grandeza. Deveria renunciar, que seria o gesto menos custoso para permitir uma saída democrática ao país. Ele precisa ser urgentemente contido e responder pelos crimes que está cometendo contra nosso povo", diz o documento.

Assinam o texto os três principais candidatos de esquerda derrotados por Bolsonaro na eleição presidencial de 2018, Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL), os presidentes do PT, Gleisi Hoffmann; PDT, Carlos Lupi; PC do B, Luciana Santos; PSB, Carlos Siqueira; PSOL, Juliano Medeiros, e PCB, Edmilson Costa, além de outras lideranças da esquerda como o governador do Maranhão, Flavio Dino (PC do B), o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT) e os ex-senadores Roberto Requião (MDB-PR) e Manuela D'Ávila (PC do B-RS).

No texto, os líderes de esquerda sugerem ainda a adoção de uma série de medidas de um Plano Emergencial de Ação: reforço às medidas de redução do contato social, criação de leitos de UTI e importação em massa de testes e equipamentos de proteção, implementação da renda básica permanente para trabalhadores desempregados e informais, suspensão da cobrança de tarifas de serviços para a população de baixa renda, proibição de demissões com o socorro do Estado aos setores mais prejudicados via financiamentos subsidiados e criação de um imposto sobre grandes fortunas. 

De acordo com signatários ouvidos pela reportagem, um dos objetivos é recolocar a esquerda no papel de contraponto a Bolsonaro, hoje exercido pelos governadores, em especial Doria, e pelo Congresso. No manifesto, as lideranças cobram medidas do Congresso, governadores, prefeitos e Ministério Público, excluindo Bolsonaro e seu governo das articulações para conter os danos físicos e econômicos da pandemia. 

"Frente a um governo que aposta irresponsavelmente no caos social, econômico e político, é obrigação do Congresso Nacional legislar na emergência, para proteger o povo e o país da pandemia. É dever de governadores e prefeitos zelarem pela saúde pública, atuando de forma coordenada, como muitos têm feito de forma louvável. É também obrigação do Ministério Público e do Judiciário deter prontamente as iniciativas criminosas de um Executivo que transgride as garantias constitucionais à vida humana. É dever de todos atuar com responsabilidade e patriotismo", diz o manifesto.

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O texto vinha sendo articulado por Boulos e Tarso desde a sexta-feira. Alguns signatários como Ciro Gomes e os presidentes dos partidos só entraram na articulação na manhã desta segunda-feira, 30. Segundo Boulos, o documento é o primeiro passo desta nova unidade da esquerda e novas iniciativas virão. "O diferencial desta proposta são as medidas voltadas para o povo e não para os banqueiros. É uma articulação inédita da esquerda nos últimos anos", disse o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

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