Com base rebelada, governo adia votação da CPMF

Pressão por cargos aumenta e Planalto não sabe se terá condições políticas de retomar tramitação hoje

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Por Brasília
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O governo não conseguiu contornar a rebelião na base aliada, principalmente no PMDB, e foi obrigado ontem a adiar a votação da emenda à Constituição que prorroga a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) até 31 de dezembro de 2011. A pressão por cargos aumentou depois que o Planalto confirmou a nomeação de dois petistas para a Petrobrás. Irritados, os peemedebistas resolveram empurrar com a barriga a aprovação da CPMF, que ainda precisa passar por 36 votações nominais. Foram apresentadas 26 emendas e 10 destaques ao projeto. "Havia um acordo entre governo e a base de que não sairiam nomeações até a conclusão da votação da CPMF", disse o líder do governo na Câmara, José Múcio Monteiro (PTB-PE). Os aliados avaliam que a proposta dificilmente sairá da Câmara antes da segunda quinzena de outubro. Não há segurança de que o Planalto terá condições políticas de retomar as votações hoje. Para o público externo, os governistas vão encobrir a necessidade de ganhar tempo para fazer os acertos políticos na base sob o argumento de que é preciso uma análise regimental para reduzir o número de emendas e destaques à proposta. Por determinação do presidente Lula, o ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia, reuniu-se com cúpula do PMDB. Mares Guia garantiu que as nomeações reivindicadas pelo partido sairão em breve, depois da conclusão do primeiro turno de votação da CPMF. Na sexta-feira, o governo nomeou o ex-senador José Eduardo Dutra para a presidência da BR Distribuidora e Maria das Graças Foster para a Diretoria de Gás. "O PMDB ficou magoado, mas estamos superando essas mágoas depois das explicações do ministro Walfrido", disse o vice-líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ). "As nomeações na Petrobrás dificultaram os trabalhos, mas hoje os problemas foram superados", observou o líder José Múcio. A crise no PMDB provocou um efeito cascata nas bancadas aliadas, que também estão insatisfeitas com a demora em concretizar as nomeações. O PR, por exemplo, exige a ida do ex-governador do Ceará Lúcio Alcântara para a presidência da Chesf. EUGÊNIA LOPES, DENISE MADUEÑO e JOÃO DOMINGOS

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