Colírio suspeito de provocar cegueira tem registro falso

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Por Agencia Estado
Atualização:

O delegado Renato Nunes, titular da Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Saúde Pública, afirmou hoje que o registro do colírio Methyl Lens Hypak no Ministério da Saúde é falso e que o laboratório Lens Surgical Oftalmologic não tem licença da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para produzí-lo. Nunes instaurou inquérito para apurar a denúncia de que o medicamento teria causado cegueira em pelo menos cinco pacientes no Rio - há suspeita de outros cinco casos, supostamente provocados por medicamento semelhante de outro laboratório, também à base de metilcelulose. O Methyl Lens Hypak 2% é uma solução usada em cirurgias intraoculares para tratamento de catarata - o medicamento, de uso exclusivo por oftalmologistas, não é vendido em famácias. A direção do Hospital de Olhos Niterói confirmou que três pessoas ficaram cegas após serem submetidas à cirurgia em que o produto foi usado. Em nota divulgada hoje, o hospital alega que interrompeu o uso do medicamento imediatamente após ter detectado contaminação pela bactéria enterobacter cloacae e afirma ter comunicado o problema à Vigilância Sanitária do Estado em 23 de dezembro de 2002 e à Anvisa em 10 de janeiro. De acordo com Alessandro Paula Freitas, advogado de duas supostas vítimas que fizeram a mesma operação em outro hospital, Leontina Viana Lopes e Cesar Augusto Turuchina, as denúncias surgiram em outubro, mas o Ministério da Saúde só suspendeu a comercialização do produto quatro meses depois - a resolução da Anvisa é de 4 de fevereiro. Freitas apresentou queixa-crime à polícia e disse que entrará na Justiça com pedido de indenização. O Lens Surgical, de Campinas, não foi localizado. O telefone para contato existente na caixa do medicamento não pertence à empresa - é de um escritório de informática.

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