Coletora recebeu ordem para não citar Jader

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Por Agencia Estado
Atualização:

A coletora da Secretaria de Fazenda em Paraíso do Tocantins, Eliana Pereira, recebeu ordens superiores para não citar o nome do presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), no depoimento que deu na última sexta-feira, na Polícia Federal. Eliana contou, na semana passada, que o empresário Romildo Onofre Soares ? aliado político de Barbalho em Altamira ? teria dito a pessoas na cidade que conseguia recursos da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) com facilidade, mas 10% eram destinados ao senador. Na PF, Eliana disse que Romildo, em uma das vezes que esteve na coletoria de Paraíso do Tocantins, afirmou que já havia gasto R$ 600 mil com deputados, funcionários da Sudam e projetistas para que seus projetos fossem liberados. Mas ela não citou o nome de Jader Barbalho, como fizera em uma entrevista coletiva, no início da semana. Segundo fontes ligado ao governo do Estado, Eliana Pereira foi aconselhada pela secretária de Fazenda, Maria Cristina Cabral, a não mencionar Jader durante o depoimento na Polícia Federal, para evitar desgaste. A Secretaria de Comunicação do governo disse que Cristina só irá falar nesta segunda-feira sobre o assunto. A coletora já havia falado sobre o presidente do Senado em 1999, segundo consta no depoimento do corregedor-geral da Secretaria da Fazenda, Rodrigo Lacombe. Ele afirmou, em julho do mesmo ano, que a coletora soube por meio de empresários locais que havia um esquema em favor de Barbalho. Nesta segunda-feira, o delegado Hélbio Dias Leite, que preside o inquérito sobre as fraudes na Sudam, vai ouvir o ex-coletor de impostos da prefeitura de Paraíso do Tocantins, Luiz Antônio Barbosa de Carvalho, que ouviu de Romildo a afirmação de que era amigo do presidente do Senado. Além disso, segundo Eliana contou na entrevista coletiva, Carvalho chegou a comentar sobre um esquema de caixinha na Sudam, onde estaria envolvido o nome de Barbalho. Os irmãos empresários, Eudes e Eneuses Afonso Pereira, também serão ouvidos nesta segunda na PF. Eles teriam se reunido informalmente com Romildo Soares, segundo Eliana, justamente no dia em que o aliado político de Jader Barbalho falou sobre o esquema de propina. Os dois não querem falar sobre o assunto, enquanto Luiz Antônio Carvalho confirma que Romildo lhe havia dito que era amigo do presidente do Senado. Na semana passada, Eliana Pereira foi interpelada judicialmente por Romildo Soares. Na petição, o advogado do empresário, Célio Moura, faz menção principalmente a Jader, que também prometeu interpelar a coletora de Paraíso do Tocantins. Eliana foi a responsável pela descoberta do esquema de fraudes na Sudam ao constatar diversas irregularidades no processo de regularização de quatro projetos de Romildo Soares, que usou empregados seus como laranjas na abertura das empresas. Ela encaminhou o caso para Lacombe, que acionou o Ministério Público Federal e a PF, em julho de 99.

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