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Coaf: autoridades devem investigar contas suspeitas

Por FERNANDO NAKAGAWA E ADRIANA FERNANDES
Atualização:

O presidente do Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf), Antonio Gustavo Rodrigues, disse hoje que caberá às autoridades competentes investigar a informação divulgada nesta segunda-feira, pelo jornal O Estado de S. Paulo, de que R$ 63 milhões passaram por 686 contas supostamente ligadas ao crime organizado. "Caberá às autoridades avaliar se essas relações financeiras têm ou não justificativa", disse Rodrigues, ao comentar o relatório que identificou transações envolvendo essas contas, cujos titulares supostamente têm relação com o crime organizado. Conforme a reportagem publicada hoje, o último relatório consolidado pelo Coaf revela que, de novembro de 2005 a julho de 2007, 686 contas bancárias pertencentes a 748 pessoas e empresas ligadas direta ou indiretamente à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) movimentaram aquele montante. Para chegar às contas, o Coaf pesquisou 2.607 nomes identificados pelo conselho em cruzamentos de dados ou fornecidos pelas autoridades policiais que trabalham no combate ao crime organizado em São Paulo. Um grupo composto por 252 nomes suspeitos ainda está sob checagem. O ministro da Justiça, Tarso Genro, presente ao mesmo evento que Rodrigues, disse que é preciso identificar esses fluxos financeiros do crime organizado e cortar a origem desses recursos. "Para isso, precisamos localizar onde estão esses ativos financeiros", afirmou. Genro defendeu que o dinheiro apreendido com o crime organizado deve financiar o próprio Estado no combate à criminalidade. Para ele, uma mudança na legislação poderia facilitar esse trabalho. Duas dessas propostas tratam da alienação antecipada de bens de criminosos e do fim da necessidade de crimes antecedentes para que a lavagem de dinheiro seja tipificada. O presidente do Coaf afirmou ainda que o conselho deve se forçar, a partir de agora, a aperfeiçoar a qualidade da informação oriunda de alguns segmentos econômicos, como do comércio de objetos de arte, venda de jóias, atividades imobiliárias e factoring. Para isso, Rodrigues defendeu o aumento do corpo de técnicos do Coaf e mais treinamento aos funcionários.

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