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CNBB divulga nota de repúdio à revista <i>Veja</i>

Em boletim necrológico editorializado, revista acusou d. Ivo Lorscheiter, morto em 5 de março, de apoiar criação de bandos armados durante a ditadura militar no País

Por Agencia Estado
Atualização:

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) repudiou nesta quarta-feira o boletim necrológico editorializado, sobre a vida e ministério d. Ivo Lorscheiter, falecido dia 5 de março, publicado pela revista Veja que circulou domingo, datada de 14 de março (edição 1999, ano 40, nº 10). A nota sobre a morte do conhecido prelado traz uma síntese com acusações ao morto, consideradas infundadas pela Conferência dos Bispos. Em comunicado oficial disponibilizado em seu site da CNBB e distribuído para aos bispos de todas as Dioceses e Arquidioceses do Brasil, o presidente da entidade d. Geraldo Majella Agnelo, cardeal-primaz do Brasil; o vice-presidente, d. Antônio Celso de Queirós, bispo de Catanduva e o secretário-geral, d.Odilo Pedro Scherer, bispo-auxiliar da Arquidiocese Metropolitana de São Paulo, indagam "a quem interessa a segunda morte de d. Ivo?" Acusam a revista de imputar ao falecido bispo emérito de Santa Maria um crime que ele jamais cometeu e que, se cometesse, não seria tolerado pelo regime militar e exigem a imediata reparação do que chamaram de "mal feito" por Veja. Segue a íntegra da nota da CNBB: "DOM IVO NO BANCO DOS RÉUS? Dom José Ivo Lorscheiter, bispo emérito da diocese de Santa Maria-RS, ex-secretário-geral e ex-presidente da CNBB, por 16 anos, faleceu no dia 05.03.07. Pastor dedicado ao povo, ele doou sua vida pela Igreja e pelo Brasil em momentos difíceis da nossa história recente. Assistimos nestes dias, após sua morte, a uma apresentação de sua memória através dos meios de comunicação; o livro de sua vida vem mostrando páginas que o dignificam. Seus méritos são confirmados por todos aqueles que o conheceram de perto e privaram de sua amizade; por aqueles que têm senso de justiça e verdade. Dom Ivo contribuiu para a solidificação da colegialidade episcopal e valorizou a missão dos colegas bispos. Naquela hora do Brasil, foi a pessoa certa para a defesa dos direitos humanos e da dignidade da pessoa; seu testemunho de vida confirmou a certeza evangélica de que o maior é aquele que serve. No entanto, como acontece geralmente na biografia dos grandes pastores, não faltaram incompreensões e injustiças contra o seu testemunho. Não é justo falar, como faz a revista Veja que Dom Ivo "politizou o Evangelho para o bem e para o mal". Sem meias palavras, a referida revista acusa o bispo de um crime: "o bispo também apoiou a criação de bandos armados que, a pretexto de lutar pela reforma agrária, deram origem ao MST". Onde estão esses "bandos armados"? Qual foi o nome deles? Como se explica que o sistema de segurança da época não denunciou nem processou Dom Ivo? A quem interessa uma segunda morte de Dom Ivo Lorscheiter? A CNBB sente profunda dor e manifesta seu firme repúdio às acusações infundadas contra Dom Ivo, exigindo da revista a justa reparação ao mal feito. Brasília, 14 de março de 2007 Cardeal Geraldo Majella Agnelo Arcebispo de São Salvador (BA) Presidente da CNBB Dom Antonio Celso de Queirós Bispo de Catanduva (SP) Vice-presidente da CNBB Dom Odilo Pedro Scherer Bispo Auxiliar de São Paulo"

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