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CNBB defende direito dos palestinos à terra

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Por Agencia Estado
Atualização:

Os bispos católicos do Brasil, reunidos na 40ª Assembléia-Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançaram, nesta terça-feira, uma nota "em favor da paz no Oriente Médio". Sem entrar em detalhes, o texto condena a violência, pede o cumprimento das resoluções da ONU sobre a região do conflito e o fim de fornecimento de armas por países desenvolvidos. Apesar do tom genérico, o documento faz uma referência ao direito dos palestinos a sua terra: "Um povo sem pátria não consegue viver em paz, por isso é imperativo reconhecer o direito do povo palestino a ter sua pátria". De acordo com os bispos, a história já demonstrou exaustivamente que o uso da violência e a lógica militar não são caminho para a convivência humana: "Ninguém impõe a própria vontade a seus semelhantes indefinidamente. O vencedor de hoje converte-se no vencido de amanhã. As feridas morais levam mais tempo para cicatrizar do que as físicas. Quanto mais violentamente um povo for derrotado e humilhado, maior sua propensão à vingança. Retaliações conduzem inevitavelmente a um impasse sem saída, numa crescente e perigosa espiral de violência." A comissão de bispos que redigiu a nota foi presidida pelo cardeal d. Geraldo Majella Agnelo, arcebispo de Salvador e primaz do Brasil. Ele também foi encarregado de ler a nota para os jornalistas. Eis a íntegra da nota, intitulada ?Em Favor da Paz?: ?Reunidos em sua 40ª Assembléia Geral, os bispos da CNBB acompanham apreensivos a escalada da violência no Oriente Médio. Dois povos enfrentam-se, há décadas, numa luta em que cada um pretende afirmar seus direitos às custas da eliminação do outro. Vidas inocentes vêm sendo ceifadas todos os dias, ódios profundos se intensificam, hostilidades se repetem. A Terra Santa, onde Jesus Cristo anunciou ao mundo a paz, encontra-se ferida pela guerra. A história tem demonstrado à exaustão que o uso da violência e a lógica militar não são caminho para a convivência humana. Ninguém impõe a própria vontade a seus semelhantes indefinidamente. O vencedor de hoje converte-se no vencido de amanhã. As feridas morais levam mais tempo para cicatrizar que as físicas. Quanto mais violentamente um povo for derrotado e humilhado, maior sua propensão à vingança. Retaliações conduzem inevitavelmente a um impasse sem saída, numa crescente e perigosa espiral de violência. A construção da paz costuma ser custosa e demorada, mas constitui o único caminho a ser buscado pelos seres humanos que se respeitam a si mesmos e queiram sobreviver de maneira digna. Um povo sem pátria não consegue viver em paz, por isso é imperativo reconhecer o direito do povo palestino a ter sua pátria. O diálogo, a aceitação dos direitos uns dos outros, a cooperação e o respeito à diversidade de culturas, aspirações e valores distintos são a única via para a construção da harmonia entre os povos. A humanidade, porém, sequer conseguiu superar os graves problemas da injustiça, das desigualdades sociais, da fome e da miséria, raízes mais profundas da violência, do terrorismo e da guerra. Enorme quantidade de recursos humanos e econômicos que poderiam estar a serviço de tal superação, acaba sendo desperdiçada na destruição implacável dos bens coletivos tão laboriosamente construídos. O Papa João Paulo II, na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, em 1º de janeiro do corrente ano, insistia com veemência: "Não há paz sem justiça, não há justiça sem perdão". É a herança do Mestre, quando repete: "Eu vos deixo a minha paz!" É também o apelo de tantos líderes religiosos! Por isso o Papa se reuniu com eles em Assis, em janeiro passado, para rezar pela paz. E em sua mensagem de Páscoa ele voltou a chamar a atenção de todos para a tragédia que se desenvolve na Terra Santa: "Declararam guerra à paz na Terra Santa! Nada se resolve pela guerra, que somente traz sofrimento e mortes. Nem retaliações ou represálias resolvem coisa alguma". Do fundo de nossos corações apelamos, como pastores, aos responsáveis políticos de ambos os lados em conflito para que interrompam imediatamente as agressões mútuas. Apelamos também à ONU e aos dirigentes dos países de maior ascendência mundial, para que urjam o cumprimento das resoluções da ONU, parem de fornecer armas e se empenhem pelo fim da guerra. Apelamos, ainda, aos dirigentes espirituais de todo o mundo que desautorizem o uso da religião como legitimação da violência. Urge retomar as negociações em prol da sensatez, urge a soma de todos os esforços pela busca da paz, na esperança de que "justiça e paz se abraçarão" (Sl. 84,11). Somente assim os dirigentes de Israel e do povo Palestino serão merecedores do respeito, do reconhecimento de legitimidade dos próprios cidadãos e terão a credibilidade dos demais povos. Às comunidades cristãs fazemos especial apelo para promoção de orações e contatos fraternos com judeus e palestinos. Como descendentes de Abraão, nosso pai na fé, judeus, cristãos e muçulmanos, caminharemos juntos para a Terra Prometida onde, em união com todos os povos, viveremos em paz.?

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