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Clube Naval diz que relatório da Comissão da Verdade é 'ilegal'

Nota repudia conteúdo de documento apresentado por colegiado que investigou crimes da ditadura e afirma que texto é 'divorciado da realidade'

Por Wilson Tosta
Atualização:

RIO - O Clube Naval divulgou nesta quinta-feira, 10, nota de repúdio ao relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), apresentado nessa quarta-feira, em Brasília. O texto, assinado pelo vice-almirante fuzileiro naval Paulo Frederico Soriano Dobbin, acusa o trabalho da CNV de ser "ilegal, parcial e divorciado da realidade".

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A nota também repele as acusações de crimes contra os oficiais da Marinha citados no relatório, que, destaca, "jamais tiveram as contas rejeitadas". Defende ainda os ex-presidentes do Clube Naval citados no relatório: Álvaro Rezende Rocha, Maximiano Eduardo da Silva Fonseca e Alfredo Karam.

O relatório da comissão ligou 377 pessoas a crimes contra a humanidade e pediu a punição dos agentes envolvidos em abusos cometidos durante a ditadura. Comandantes das Forças Armadas não participaram da solenidade de apresentação, no Palácio do Planalto. O texto criticado pelos militares.

Sede do Clube Naval, na Avenida Rio Branco, Rio de Janeiro Foto: Tasso Marcelo/Estadão

Abaixo, a íntegra da nota:

"Com

 a devida vênia a Homero, mas, ao final de tudo, a montanha pariu... outra montanha.

Como se esperava, o relatório de uns poucos escribas, muito bem remunerados pelo poder público e a serviço de anacrônicas ideologias, trouxe à luz uma montanha de iniquidade, ao enxergar com olhar vesgo apenas um lado da história.

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Montanha também de levianas generalidades e de inconsistentes tentativas de enxovalhar biografias de ilustres brasileiros, uma grande parte já falecida, sem possibilidades de se defender.

Uma montanha de lágrimas palacianas que bem poderiam se juntar às lágrimas de centenas de mães, esposas e filhas que conheceram o sofrimento causado pelo terror. Mas que sempre choraram sem holofotes, silenciosas.

E sem merecer, ao menos, reconfortantes indenizações do Erário." "Montanha de triste e escarnecedora ironia, ao se falar de reconciliação nacional depois de tantas exibições públicas de provocações às Forças Armadas e de covarde revanchismo que somente se justificam no pensamento político oficial.

Por tudo isso e por entender o relatório da Comissão Nacional da Verdade como ilegal, parcial e divorciado da realidade, o Clube Naval repele com total veemência a referência, como criminosos, a consagrados chefes navais, homens de conduta ilibada, verazes e líderes exemplares, que sempre nos ofereceram sólidos exemplos de profissionalismo e probidade no trato da coisa pública, qualidade tão carente nas elites nacionais de hoje.

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Jamais tiveram suas contas rejeitadas.

Entre todos os citados, é imperioso destacar, como desagravo a tão ignominiosa menção, os Almirantes Álvaro Rezende Rocha, Maximiano Eduardo da Silva Fonseca e Alfredo Karam, ex-presidentes do nosso clube e a quem tributamos todo o reconhecimento de honrados cidadãos, homens de bem que conduziram os nossos destinos com inegável competência.

Por fim, o Clube Naval se solidariza com os que injustamente se encontram nominados nesse relatório, colocando sua assessoria jurídica ao dispor de todos. Paulo Frederico Soriano Dobbin Vice-Almirante (Ref-FN) Presidente"

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