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Ciro prefere enfrentar Serra

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidenciável pelo PPS Ciro Gomes afirmou hoje em São Paulo que prefere enfrentar o ministro da Saúde, José Serra (PSDB-SP), ao governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB-CE), nas eleições do ano que vem. "Eu prefiro o Serra porque é menos constrangedor para mim para combater", afirmou Ciro, que é amigo e sempre foi aliado político de Tasso. Serra e Tasso estão entre os tucanos cotados para disputar a sucessão de Fernando Henrique Cardoso. Ciro fez duras críticas ao ministro da Saúde. Ele afirmou que Serra "sabotou" o Plano Real. E contou uma história de bastidores ocorrida em 1994, às vésperas da implantação do real. Segundo ele, Fernando Henrique Cardoso, então ministro da Fazenda, teve uma reunião com alguns dos maiores líderes do PSDB - e Serra só apoiou o Plano Real depois de ter sido cobrado, aos gritos, pelo então governador paulista Mário Covas: "Estávamos em uma reunião em Brasília eu, o Tasso, o Covas, o Serra e o Fernando Henrique, além de economistas e técnicos. Tínhamos que entrar em um consenso se iríamos correr os riscos para implantar o Real. Todos concordamos, mas o Serra ficou calado. Fernando Henrique, que é muito vaselina, tentou contornar a situação. Mas Covas, aos gritos, cobrou uma posição de Serra, que, muito constrangido, acabou dizendo sim", afirmou Ciro. "Ele sabotou o Plano Real." O ex-governador disse ainda que Serra faz de tudo para aparecer na mídia. "Ele é midiático; tem 40 assessores de imprensa à sua disposição", afirmou. Mais adiante, Ciro afirmou que o governador Mário Covas chegou a declarar apoio a Tasso, no início do ano, porque "Covas conhecia intimamente o Serra e sabia, assim como a base do PSDB sabe, que para o País é temerário ter um nome como o de Serra para a Presidência da República". Críticas a FHC, a Lula... O presidenciável também não poupou críticas ao presidente Fernando Henrique e ao provável candidato do PT para a Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. Ciro disse, com ironia, que uma das "virtudes exuberantes" do presidente é sua retórica. "Ele dá grande majestade ao cargo de presidente quando está fora do Brasil. Fez um belo discurso em francês, que eu, como brasileiro, fico orgulhoso", alfinetou. Ciro ressaltou que discorda do modelo de FHC, mas não se sente mais representado pelo que Lula defende. "Eu votei no Lula em 1989. Mas ele passou 16 anos sendo candidato à Presidência. Ele preferiu o comodismo de ficar atirando pedra nas coisas", afirmou, acrescentando que a "inexperiência é opção de vida" de Lula. Ao mesmo tempo, porém, Ciro chamou o presidente de honra do PT de "bom amigo e bem-intencionado". Ciro criticou o petista por ter dito que "antes de exportar é preciso combater a fome". "Esse foi um equívoco do meu bom amigo Lula. Ele não tem experiência. São palavras simples, mas bem-intencionadas". Segundo turno Ciro entende que o governo deseja chegar ao segundo turno tendo Lula como adversário. "O sonho do governo seria ter um títere governista contra o Lula para simplificar grosseiramente o processo brasileiro. Perguntado se o termo "títere" poderia ser aplicado a Tasso Jereissati, já que o governador do Ceará pode ser o candidato do governo, Ciro afirmou: "Definitivamente eu não me referi a ele". O ex-ministro da Fazenda também voltou a defender uma candidatura única, a exemplo do que fez Lula na última sexta-feira e do que vêm fazendo há semanas o ex-presidente Itamar Franco e o ex-presidente Leonel Brizola. "Mas eu defendo uma aliança de centro-esquerda, que só vai acontecer se conseguirmos superar que somos diferentes. Enquanto essa unidade, cada vez mais difícil, não se celebra nós devemos ter paciência, humildade e tolerância." Ciro disse que Lula é o nome certo para tentar costurar uma aliança. Em seguida, admitiu que o fato de ele fazer críticas a Lula pode dificultar o processo de unificação. "Mas a inexperiência (de Lula) é fragilidade que a oposição não pode enfrentar." Ciro sugeriu que os partidos de afins façam um plebiscito para decidir quem estaria qualificado para representá-los na campanha de 2002.

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