SÃO PAULO - O vice-presidente nacional do PDT, ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, disse neste sábado, 16, ser contra um plebiscito popular sobre novas eleições, proposta defendida pela presidente afastada Dilma Rousseff em caso de retorno ao Palácio do Planalto. “O mais importante num presidencialismo de crise é ter apego à regra. Qualquer derivação que rompa a regra é contra a estabilidade democrática necessária para que o País se reconcilie como estratégia de desenvolvimento”, afirmou. Ciro também disse ter argumentos “como homem vivido e experiente” em termos políticos. Para ele, é improvável que um plebiscito dessa natureza seja aprovado por “uma Câmara Federal controlada por maioria de corruptos” e por “um Senado controlado por Renan Calheiros (PMDB-AL), Eunício Oliveira (PMDB-CE) e Romero Jucá (PMDB-RR)”. As declarações foram dadas a jornalistas antes da abertura de painel de discussão sobre a crise política brasileira, promovido pela União Nacional dos Estudantes (UNE), em São Paulo.
O pedetista também comentou sobre a indenização de R$ 40 mil que seu irmão, Cid Gomes, do mesmo partido, foi condenado a pagar ao presidente em exercício Michel Temer. Em outubro do ano passado, Cid Gomes disse que o peemedebista é o “chefe da quadrilha de achacadores que assola o Brasil”, declaração que fez o Tribunal de Justiça do Distrito Federal determinar a indenização. “No Brasil, há impunidade para os grandes bandidos. O homem que denuncia é quem sofre constrangimentos”, afirmou Ciro, que disse esperar que tribunais de outras instâncias “corrijam isso”. Ciro também fez comentários relacionados à tentativa de golpe na Turquia, na noite de ontem. “Confesso que fiquei com muita inveja desse exercício de cidadania”, disse, sobre a saída da população turca às ruas contra o levante do Exército. “Claro que no Brasil tudo é diferente. A gente tem mil razões para ter raiva, frustrações com o governo da presidente Dilma, mas a luta pela democracia, pela regra, pela prevalência do voto popular, é inspiradora e deveria nos orientar enquanto é tempo”, comparou. Além de Ciro, o evento da UNE também conta com a participação do ex-ministro da Justiça e ex-advogado-geral da União José Eduardo Cardozo.