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Ciro elogia, mas cobra responsabilidade do PT

Por Agencia Estado
Atualização:

O candidato da aliança PPS-PTB à Presidência, Ciro Gomes, elogiou nesta terça a iniciativa do PT de apresentar e debater com antecedência seu plano econômico com a sociedade e pediu para as oposições serem responsáveis nas críticas ao governo Fernando Henrique Cardoso. "Não adianta esticar a corda, tocar fogo, porque o País precisa da nossa seriedade, responsabilidade e colaboração para encontrar a saída", afirmou. Ciro defendeu o debate de idéias pela oposição e previu que, só com o apoio da sociedade a essas idéias, um novo governo poderá ter sucesso. "Não podemos apresentar somente a proposta iluminada de um candidato que tem muita experiencia ou boa-fé", disse. "Porque a cara da crise brasileira nos determina a deflagrar o debate.? Segundo ele, as idéias são mais importantes do que as pessoas para "sairmos dessa encalacrada econômica, social e politica em que nos colocou o governo Fernando Henrique." O pré-programa econômico petista foi elogiado como maneira de superar o medo de ruptura e as desconfianças da sociedade. "Com ele, o PT rompe a tradição de superficialidade e generalidade e assume a responsabilidade que deve ter hoje uma força de oposição.? Ciro concorda com os impostos que desonerem a produção e reclama para si o pioneirismo do debate. "Essa idéia foi colocada por mim num livro em 1995", afirmou. Ele discorda, no entanto, da progressividade do Imposto de Renda e assinala como diferença de sua proposta a instituição de um imposto sobre consumo. "A maior progressividade do Imposto de Renda acaba preservando o principal defeito do IR que é ser imposto de salário." Outra discordância diz respeito à manutenção pelo próximo governo da CPMF, como defende o PT, com alíquota menor, para ser um instrumento de combate à sonegação. "A CPMF é um imposto muito ruim, que incide em cascata na cadeia produtiva e onera as aplicações estrangeiras", observou. "E sonegação se combate por outras formas, como a profissionalização e fortalecimento da Receita Federal e não com uma cunha impeditiva da competitividade." Ciro assinala, porém, que diante da situação fiscal delicada, a contribuição só poderá ser revogada por um novo e amplo projeto de reforma tributária. O candidato considera a redução do superávit primário como condição para recuperar os investimentos em infra-estrutura no País. "Faz seis anos que os funcionários públicos não têm aumento, 70% das rodovias federais estão destruídas, o que impõe um frete que 3,5 vezes mais caro, sem falar crise de energia", disse. "No meu governo isso será consertado e ponto. E claro que isso vai trazer problema fiscal." Outras propostas econômicas de Ciro são a criação de instituições de financiamento equivalentes às estrangeiras; assistência do Estado em parceria com empreendedores privados para superação do atraso tecnológico e a reconstrução do modelo de Previdência Social, transformando o atual regime de repartição em capitalização. O Banco Central, num governo Ciro, seria independente. "Mas encarregado de uma só função: saúde da moeda", assinala. Ele taxou de "hostil aos interesses da sociedade" a intenção do atual governo de nomear a direção do Banco Central para o próximo governo. Ciro caracterizou de "bem-intencionada" a sugestão de Leonel Brizola (PDT) de que ele ou Itamar Franco abram mão de suas candidaturas em benefício do outro, mas sinalizou que essa opção não será no primeiro turno. "Não é justo que Itamar renuncie para mim, da mesma forma que eu não posso abrir mão disso", observou. "O caminho é que vai revelar quem é melhor."

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