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Ciro e Aécio deixam possibilidade de união em aberto

Por Eduardo Kattah
Atualização:

O deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) e o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), deixaram em aberto hoje (19) a possibilidade de união na eleição presidencial de 2010. Dois dos nomes mais cotados para disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Aécio e Ciro sinalizaram que a aliança costurada entre PT e PSDB em Belo Horizonte, tendo um nome do PSB como candidato de consenso, serve de laboratório para uma aproximação ainda maior entre o mineiro e o cearense. "Eu, pessoalmente, não preciso ser candidato a nada. Eu poderia numa certa circunstância votar no governador Aécio Neves com maior entusiasmo e prazer. Numa certa circunstância que eu não sei se acontecerá, mas eu até torço", disse o deputado. O governador destacou a "enorme identidade" com Ciro ao longo de suas trajetórias políticas e disse que está construindo com o ex-ministro da Integração Nacional uma relação "além de 2010". "Quando nós olhamos adiante, no Brasil de hoje ou de amanhã, mas no Brasil do futuro, acho que falo também em nome do Ciro, nós vamos (nos) encontrar sempre muito próximos". Os dois, no entanto, afirmaram que ainda é cedo para se falar do quadro eleitoral daqui a dois anos. "É natural que a imprensa tenha uma certa curiosidade, que os políticos tenham uma certa ansiedade, encontrando dois presidenciáveis que invés de estar se esbofeteando, estão se elogiando", salientou Ciro. "(Se) Amanhã vamos ser adversários ou não, não sei". O deputado disse que o respeito ao governador tucano cresceu nos últimos anos porque Aécio restaurou a "grandeza de Minas Gerais". "Isso só já faz muito bem ao Brasil. O grande problema do Brasil hoje, dado que está tudo em paz, é a concentração de renda, de poder, de informação". Ele aproveitou para criticar a tensão entre petistas e tucanos em São Paulo, o que classificou como "coisa deplorável". Segundo Ciro, a "disputa paroquial dos políticos de São Paulo" é que impede uma convergência entre PT e PSDB, que têm "diferenças importantes", mas também têm "uma vizinhança socioeconômica, simbólica, política". PROTAGONISTA - Aécio, que recebeu o ex-ministro no Palácio das Mangabeiras no início da noite, disse que a costura por um acordo na capital mineira tem Ciro como "protagonista". O nome colocado até o momento como candidato no eventual palanque único é o do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Márcio de Araújo Lacerda. Filiado ao PSB, Lacerda foi o coordenador geral da campanha presidencial de Ciro em 2002 e ocupou o cargo de secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional, de 2003 a julho de 2005. "Desde o início das conversas que tive com o prefeito Fernando Pimentel, o ministro Ciro participou", disse o governador. Ciro, por sua vez, garantiu que não há barganha na escolha e classificou Lacerda como "um quadro extraordinário". "Tem origem política, uma formação brilhante. Ele é um administrador fenomenal". DESINCOMPATIBILIZAÇÃO - Aécio aproveitou para comentar o deslize cometido mais cedo, quando afirmou que deixará o Palácio da Liberdade no início de 2010, antes do fim de seu mandato. Ele procurou desvincular a decisão exclusivamente à eventual candidatura presidencial. "Quando eu disse no início de 2010, como vocês sabem, se eu não me aposentar - e acho um pouco prematuro -, mas se eu vier disputar qualquer cargo, seja de deputado, de senador ou qualquer um que seja, eu devo me desincompatibilizar em março", observou.

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