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Ciro deve ir para o ministério Dilma, mas há resistências no PSB

Bancada do partido na Câmara teme perder vagas no ministério caso cearense ocupe a Integração Nacional

Por Eugênia Lopes
Atualização:

BRASÍLIA - Depois de ser obrigado a desistir de disputar a presidência da República, o ex-ministro e deputado Ciro Gomes (PSB-CE) deverá participar do primeiro escalão do governo de Dilma Rousseff. A ideia é pôr Ciro Gomes, que está em viagem à Europa e deverá retornar ao Brasil até quarta-feira, no Ministério da Integração Nacional.

 

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A cinco dias da diplomação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a presidente eleita corre para fechar o xadrez ministerial de seu governo com a definição da participação do PSB em seu governo. Com Ciro no governo, o ex-prefeito de Petrolina Fernando Bezerra Coelho irá para a Secretaria de Portos que, segundo integrantes do PSB, deverá ser turbinada, transformando-se em um órgão especial de infraestrutura com a inclusão das atividades de aviação civil e até o comando da Infraero.

 

A pedido do presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, Fernando Bezerra desistiu de disputar uma vaga ao Senado para apoiar o recém-eleito senador Humberto Costa, do PT. Na época, teve a promessa de que ocuparia um "cargo importante" em Brasília.

 

Submerso desde o fim do segundo turno eleitoral, Ciro Gomes surpreendeu a todos com o pleito de participar do ministério do futuro governo. Seus companheiros de partido bombardearam a reivindicação de Ciro. Alegam que ele passou todo o tempo desdenhando qualquer cargo no governo e com o discurso de que "queria dar um tempo" na vida pública. "Vão colocar o Ciro no Ministério e dane-se o resto. Crescemos para diminuir", reclamou um integrante do PSB.

 

Nas últimas eleições, o PSB conquistou seis governos de Estado - Pernambuco, Ceará, Piauí, Paraíba, Amapá, e Espírito Santo -, além de aumentar a bancada na Câmara de 27 para 34 deputados federais. Diante do crescimento, os deputados esperavam ganhar uma vaga no futuro governo. Se Ciro Gomes não for para a Integração Nacional, a secretaria de Portos deverá ficar nas mãos de um deputado do partido. Os indicados da bancada para integrar o ministério são Márcio França (SP) e Beto Albuquerque (RS).

 

Presidente regional do PSB paulista, França não conta com a simpatia do Palácio do Planalto. Além de o acharem muito alinhado ao PSDB, os petistas o responsabilizam pela idealização da candidatura derrotada do empresário Paulo Skaf ao governo de São Paulo. O PT de São Paulo queria que o PSB no Estado apoiasse Aloizio Mercadante, que acabou perdendo a disputa para o tucano Geraldo Alckmin ainda no primeiro turno.

 

O nome de Beto Albuquerque é mais palatável no Planalto e junto a Dilma. Afinal, ele foi secretário de Transportes do governo do Rio Grande do sul, na gestão do petista Olívio Dutra, no mesmo período em que Dilma era secretária de Minas e Energia (1999/2002). Mas tanto Beto quanto Fortes só terão alguma chance de ocupar o futuro ministério caso Ciro Gomes desista de ir para o primeiro escalão.

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Recado do irmão. O interesse de Ciro em participar do futuro governo foi expresso pelo irmão e governador reeleito do Ceará, Cid Gomes. Junto com Campos e o vice-presidente do partido, Roberto Amaral, Cid conversou com Dilma Rousseff na sexta-feira sobre o novo xadrez ministerial. Ciro já ocupou o Ministério da Integração no governo Lula, entre janeiro de 2003 e março de 2006. Fernando Bezerra Coelho ficará com a pasta, caso Ciro não queira ir para o Ministério.

 

Além de recompensar Ciro Gomes, Dilma Rousseff também está preocupada em pôr o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, no Senado. Dutra é o primeiro suplente do senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE). "Nada pedi a presidente Dilma nem nada me ofereceu", afirmou Valadares, em seu twitter. O senador nega que tenha sido sondado por Eduardo Campos para assumir o ministério da Micro e Pequena Empresa, que será criado por Dilma.

 

Valadares não esconde que gostaria de ir para um ministério que pudesse "servir ao Nordeste". Interlocutores do senador sergipano observam que ele estaria de olho no ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) ou o de Desenvolvimento Social (MDS), onde está o Bolsa Família.

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