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Cineasta questiona julgamento do mensalão

Luiz Carlos Barreto colhe assinaturas em documento para pedir ao STF atenção ‘à preservação dos direitos constitucionais’

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Por Redação
Atualização:

O cineasta e produtor Luiz Carlos Barreto, conhecido como Barretão, disse na segunda-feira, 24, que está preocupado com o "transcorrer das coisas" e a "garantia dos direitos individuais" no julgamento do processo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. "Analisando bem, eu me sinto ameaçado como cidadão", afirmou Barretão, que questiona o que chamou de prevalência da presunção em detrimento de provas materiais.

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Amigo do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, um dos 37 réus do processo do mensalão, o cineasta tomou a iniciativa de colher assinaturas em um documento que, segundo ele, será encaminhado aos ministros do Supremo nos próximos dias. "Não é um manifesto, é uma manifestação", acrescentou. Barretão disse que o documento será impessoal. Portanto, não haverá menção a nenhum dos réus do processo do mensalão. "Não estamos falando de Zé Dirceu nem pedindo a absolvição de réu nenhum", afirmou.

Na quinta-feira, o ministro Joaquim Barbosa, relator do caso no STF, adiou a leitura de seu voto referente à acusação de corrupção ativa contra Dirceu. Ele só deve começar a julgar o ex-ministro na semana que vem, às vésperas da eleição.

De acordo com Barretão, a iniciativa tem três objetivos: "Primeiro, que o julgamento não se transforme em um show, que não tenha esse caráter de espetacularidade que está tendo. Segundo, que seja realizado pelo tribunal, e não fora do tribunal; e, terceiro, que sejam respeitados os direitos constitucionais inerentes ao Estado democrático de direito. Em síntese, é isso."

Artistas. Segundo Barretão, o documento reúne cerca de 200 assinaturas de pessoas preferencialmente dos meios artístico e intelectual, como Eric Nepomuceno, Oscar Niemeyer, Tizuka Yamasaki, Flora Gil, Jorge Mautner, Alceu Valença, Antonio Pitanga, Bruno Barreto e Luiz Carlos Bresser Pereira, economista que deixou o PSDB.

O cineasta disse que o documento não está acabado. "Estamos recebendo adesões e sugestões." O cineasta frisou que o texto manifesta a confiança de que o Supremo está atento à preservação dos direitos constitucionais. "É um documento que reafirma a confiança no espírito democrático dos juízes encarregados do julgamento. Não tem nenhum sentido de confronto ou desafio."

Para Barretão, chamar o texto de manifesto é uma incorreção. "Parece até que estamos clandestinamente nos organizando, como se fosse na ditadura. É um documento que não tem caráter de manifesto, de inquirir. Não estamos nos opondo a nenhuma ideia." Segundo ele, "coincidências" não podem ser confundidas com provas. "Reunindo coincidências daqui e dali pode-se constituir um ato de ofício."

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